Estamos vivendo um momento muito difícil em nosso cotidiano, por isso estamos utlizando este espaço para manter a nossa comunidade informada do que está acontecendo, por diversos olhares...
são as múltiplas leituras de nosso cotidiano...O professor Jóse Carlos Antônio postou em seu site um artigo sobre a greve de professores de São Paulo.Logo após coloco o comentário que enviei ...
Quando todos estão errados, alguém precisa fazer a coisa certa |
São Paulo, 26/03/2010. Em meio à fumaça das bombas, as balas de borracha, pedradas e pauladas, a cena registrada pelo fotórgrafo Clayton de Souza (Agencia Estado) simboliza toda força e toda fraqueza de um momento "humano, demasiado humano", plagiando o título idêntico da obra de Friedrich Nietzsche (1878).
De um lado um sindicato sem rumo, uma greve que se iniciou sem pauta clara e um movimento heterogênio, onde professores reivindicando melhores salários e condições de trabalho se misturam a pelegos e ativistas políticos inconsequentes (os porra-loucas de sempre). Do outro, um governo arrogante e incompentente, guiado por um desejo sombrio de eternização no poder a qualquer preço e que abusa dos preceitos de segurança a que tem direito legal e usa a polícia como instrumento de repressão (dentre outros).
Mas no meio, bem no meio, um professor e um soldado. Ambos mal pagos pelo mesmo patrão, ambos difamados pela mesma mídia chapa-branca e ambos esquecidos pela dita "sociedade formadora de opinião", que depois de formar uma opinião muito romântica sobre si mesma, tem se dedicado apenas a coçar o próprio umbigo.
Esta imagem tem um quê de tristeza, pois mostra como duas categorias que não são antagônicas, e que existem, ambas, para o promover o bem-estar da sociedade, uma protegêndo-a, outra educando-a, são levadas ao confronto em nome de grupos outros, com interesses outros e bem distantes dos interesses de soldados e professores. O professor que carrega o policial ferido é também o mesmo que educa seus filhos e que tenta construir uma sociedade menos violenta, politicamente mais consciente e que possa um dia abolir governos autoritários e incompetentes, como o governo de São Paulo tem sido e agido ao longo de toda a gestão do PSDB.
Já na imagem seguinte, onde um professor é imobilizado por um soldado, é difícil compreender que o soldado só esteja cumprindo o seu dever. Mas é assim que é. Esse soldado não invadiria uma escola e agrediria um professor por desejo próprio, porque não gosta de professores. Ele provavelmente é um bom soldado e cumpre as ordens dos seus superiores. Mas o recado que a imagem passa é bastante claro: esse governo não gosta de professores, não gosta de soldados e, no limite, tem nojo da sociedade e ama o poder acima de todas as demais coisas, pessoas e instituições.
Absurdos são situações improváveis, aquelas que não esperaríamos ver, como essa imagem de alunos e professores queimando livros. Não que sejam livros importantes, pois são apenas os "caderninhos" onde o governo gastou milhões do meu e do seu dinheiro para "encinar" (sic o próprio caderninho) que existem vários Paraguais em locais improváveis do mapa e, para,além de alimentar a simpatia política de editoras que farão boas doações para o PSDB, passar a falsa impressão de que está se investindo na educação paulista. Os livros que o MEC envia às escolas são imensamente melhores e não custam um tostão a mais ao Estado de São Paulo, nem aos alunos.
Esses caderninhos, além de didaticamente ruins, são quase inúteis, porque pedagogicamente mal concebidos, e geralmente chegam às escolas apenas depois que o assunto já foi estudado em sala de aula, ou trazem propostas irreais que são abandonadas pelos professores. Os alunos os jogam fora (não acho que queimem) e muitos professores os ignoram porque dispõem de material melhor oferecido pelo MEC. Mas, mesmo assim, nada justifica que sejam queimados. Esse ato "simbólico", ainda que pretenda representar a "queima do governo" ou a "queima que o governo promove no nosso dinheiro" para fazer campanha para si mesmo, tem o lado infeliz demais de também representar o desperdício de algo que, embora mal concebido e mal desenvolvido, representa ainda assim um recurso à mais disponível para a escola.
Nessa "guerra de partidos", entremeio a sindicatos frouxos e governos desgovernados, o que tem restado para os filhos do povo de São Paulo são escolas falidas, entulhadas de pobres que têm aulas com professores pobres e são protegidos por uma polícia empobrecida, diferentemente dos filhos da burguesia formadora de opinião, dos políticos carreiristas e aventureiros e da elite que usufrui de ambos.
É nesse mundo de contradições, abandonado por sindicatos e governos, caluniado pela mídia chapa-branca e ignorado ostensivamente pela elite pensante que orbita o próprio umbigo, que uma imagem de um professor carregando um policial ferido ganha uma importância simbolica muito grande: ela é o retrato de uma sociedade que tem que aprender a carregar a si própria e deixar de ser carregada por sindicatos e governos incompetentes, que defendem a si próprios em nome daqueles que se degladiam por melhores condições de vida e trabalho.
Meus parabéns aos colegas professores e aos policiais que estiveram, ambos, cumprindo seus deveres. Meus pêsames ao sindicato e ao governo.
Retirado do site: http://www.profjc.net/
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