sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

E O PINTO AINDA PIA...

Tentando recuperar o tempo...
O final do ano escolar e as férias atrapalharam um pouco, mas já estamos na lida!


MAIS FELIZ QUE PINTO NO LIXO!
Não tenho ideia de como deve ser a felicidade de um pinto no lixo, mas imagino que seja muito grande, incomensurável mesmo, ou a expressão “mais feliz que pinto no lixo” não perduraria por tanto tempo. E o pinto pia!
Pois é exatamente assim que estou me sentindo!
O ambiente era alegre, solto, passava uma certa verdade de emoção e realização.
Silvio Tendler, padrinho do projeto, nos passou preciosas informações quanto ao tamanho do Projeto Cineclube nas escolas. Inimaginável saber que espera-se atingir até o final do ano a marca de 500 cineclubes no Brasil e nós estamos, só nas escolas, com a marca de 200! Contou um pouco de sua trajetória que começou com um sonho quando aos 14 anos assistiu a um filme feito por alunos da rede pública de ensino.
Simone também foi porta voz de notícias alvíssaras quando fala da nossa tão desejada mostra de filmes produzidos por professores e alunos da rede. Esperamos por isso desde 2006, quando já tivemos um número razoável de produções nas nossas escolas.
Mas nada se comparou, pelo menos para nós professores mediadores de produções dos alunos, ao prazer e à emoção de ouvir a professora Maria José Alvarez
Tive ódio de mim mesma por não ter levado minha câmera, companheira dos últimos meses, para registrar/documentar tudo que ali presenciamos.
Também não tinha um simples lápis ou caneta, outra preciosa arma, tecnologia elementar a serviço de quem deseja guardar memórias, eternizar registros...
Isso me obrigou a buscar um poder de concentração experimentado pelo ouvir com todos os sentidos, tendo que equilibrar isso na balança com a emoção de um lado e a razão do outro.
Nas histórias de Silvio, as inferências foram maravilhosas e imediatas: a importância de um professor em sua vida nas descobertas de ler o mundo, não só através da palavra escrita, as possibilidades de uso do cinema como elemento reflexivo e mobilizador de ações cidadãs.
Nas histórias da professora Maria José Alvarez me vi na aventura de dar asas à imaginação e criatividade dos meus meninos, entregando-lhes a palavra, dando-lhes vez e voz, aprender fazendo...
No filme que fez com seus alunos viajei no tempo e no espaço e fui direto para minha infância, me vi na cena do caminhão que chegava no fim das tardes de domingo, não lembro bem de quanto em quanto tempo, com o equipamento de cinema, para exibir filmes de Carlitos, O gordo e o magro, e uma maravilha de filmes do cinema mudo, além de animações como Tom e Jerry. Creio que ali começou minha paixão por essa linguagem espetacular e profundamente inovadora sempre, tal qual a literatura.
E o pinto pia! Pia porque o Projeto Cineclube não é novo para muitos de nós, professores apaixonados de Sala de Leitura Polo, Salas Satélite e outros professores da rede, acostumados a mediar leitura colocando nossos meninos para produzir suas leituras de mundo. E vimos ali na história de Silvio Tendler, na história de Maria José Alvarez e na história do filme O parque um pouco das nossas histórias, do nosso atrevimento em experimentar dando voz e vez aos nossos alunos com recursos mínimos ou apenas o recurso que sempre tivemos: o “eu acredito em você”, demonstrado desde o Seminário Latino-americano em 2003, em preparação para a 4ª Cúpula de Mídias para Crianças e Adolescentes, em 2004. Lá eles fizeram rádio, jornal, animação e revista eletrônica ao vivo, sem máscaras e sem manipulação. Tudo com o aval de Simone Monteiro de Araujo que sempre acreditou nos nossos meninos e na nossa mediação.
Mas faltou alguma coisa... Senti falta do Gera, nosso bom mestre e companheiro de Cineclube nas Escolas desde 2008.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Um Feliz Ano Novo Africano para todos!!

A CANÇÃO DOS HOMENS
"Quando uma mulher, de certo grupo étnico da África, sabe que está grávida, segue para a selva com outras mulheres e juntas rezam e meditam até que aparece a "canção da criança".

Quando nasce a criança, a comunidade se junta e lhe cantam a sua canção.

Logo, quando a criança começa sua educação o povo se junta e lhe cantam sua canção.

Quando se torna adulto, a gente se junta novamente e canta.

Quando chega o momento do seu casamento a pessoa escuta a sua canção.

Finalmente, quando sua alma está para ir-se deste mundo, a família e amigos aproximam-se e,

igual como em seu nascimento, cantam a sua canção para acompanhá-lo na "viagem".

"Nesta comunidade étnica da África há outra ocasião na qual os homens cantam a canção.

Se em algum momento da vida a pessoa comete um crime ou um ato social aberrante, o levam até o centro do povoado e a gente da comunidade forma um círculo ao seu redor.

Então lhe cantam a sua canção".

"O grupo étnico reconhece que a correção para as condutas anti-sociais não é o castigo; é o amor e a lembrança de sua verdadeira identidade.

Quando reconhecemos nossa própria canção já não temos desejos nem necessidade de prejudicar ninguém."

"Teus amigos conhecem a "tua canção" e a cantam quando a esqueces.

Aqueles que te amam não podem ser enganados pelos erros que cometes ou as escuras imagens que mostras aos demais.

Eles recordam tua beleza quando te sentes feio;

tua totalidade quando estás quebrado;

tua inocência quando te sentes culpado,

e teu propósito quando estás confuso." (Tolba Phanem).

Que cada um/a possa se lembrar da canção que o/a embala em seu íntimo a fim de fazer as transformações que precisa neste Ano que já vem.

AXÉ (ENERGIA VITAL) PARA TODOS

FELIZ ANO DE 2011!

                                  REINAUGURAÇÃO
                                           CDA
Entre o gasto dezembro e o florido janeiro,
entre a desmitificação e a expectativa,
tornamos a acreditar, a ser bons meninos,
e como bons meninos reclamamos
a graça dos presentes coloridos.
Nossa idade _ velho ou moço_ pouco importa.
Importa é nos sentirmos vivos
e alvoraçados mais uma vez, e revestidos de beleza,

a exata beleza que vem dos gestos espontâneose do profundo instinto de subsistir enquanto as coisas em redor se derretem e somem
como nuvens errantes no universo estável.
Prosseguimos. Reinauguramos. Abrimos olhos gulosos
a um sol diferente que nos acorda para os descobrimentos.
Esta é a magia do tempo.
Esta é a colheita particular
que se exprime no cálido abraço e no beijo comungante,
no acreditar na vida e na doação de vivê-la
em perpétua procura e perpétua criação.
E já não somos apenas finitos e sós.
Somos uma fraternidade, um território, um país
que começa outra vez no canto do galo de primeiro de janeiro
e desenvolve na luz o seu frágil projeto de felicidade.
 
( In: "Receita de Ano Novo", página 103-104)