sábado, 31 de dezembro de 2011

FELIZ 2012


"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,  a que se deu o nome de ano, foi um individuo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. 
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Ai entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez,com outro número e outra vontade de acreditar 
que daqui pra frente vai ser diferente."
 (Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

MENSAGEM DE NATAL

Desejar simplesmente FELIZ NATAL não basta!
Busquei esta mensagem em cordel para nos lembrarmos de como tudo começou...


Agora vamos desejar FELIZ NATAL  de um maneira realmente brasileira!



FELIZ NATAL!!!!
beijos,
Regina Karla

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

HOMENAGEM AOS 91 ANOS DE CLARICE LISPECTOR

[Parabéns] 91 anos de Clarice Lispector

clarice [Parabéns] 91 anos de Clarice Lispector
“A família pouco a pouco foi chegando. O que vieram de Olaria estavam muito bem vestidos porque a visita significava ao mesmo tempo um passeio a Copacabana. A nora de Olaria apareceu de azul-marinho, com enfeites de paetês e um drapeado disfarçando a barriga sem cinta. O marido não veio por razões óbvias: não queria ver os irmãos. Mas mandara sua mulher para que nem todos os laços fossem cortados – e esta vinha com o seu melhor vestido para mostrar que não precisava de nenhum deles, acompanhada dos três filhos: duas meninas já de peito nascendo, infantilizadas em babados cor-de-rosa e anáguas engomadas, e o menino acovardado pelo terno novo e pela gravata.” – assim se inicia o conto Feliz Aniversário, de Clarice Lispector.
O conto trata da festa de aniversário de 89 anos de uma senhora e traz, de forma pungente, as hipocrisias que atravessam relações familiares e a angústia da velhice, da solidão e do abandono. Se estivesse viva, Clarice completaria nesse sábado – dia 10 de dezembro – 91 anos de idade, dois a mais do que a personagem central de seu conto. O E-books Grátis faz, então, um post de Feliz Aniversário a essa escritora profunda e intensa que costumava tocar – e rasgar – a alma e os sentidos do leitor com seus contos e seus romances.
Clarice nasceu no dia 10 de dezembro de 1920, em Tchetchelnik, na Ucrânia. Em março de 1922 chegou ao Brasil, em Maceió – AL, com sua família. Clarice viveu em Alagoas, em Pernambuco e, mais tarde, no Rio de Janeiro. Estudou Direito e deu aulas particulares de português e matemática. Seu primeiro livro, Perto do Coração Selvagem, foi publicado em 1943. Clarice escreveu, escreveu, escreveu. Infinitamente, intensamente, loucamente. Lindamente. O Lustre, A Cidade Sitiada, Água Viva, A Paixão Segundo G.H., A Hora da Estrela e tantos outros. Em 9 de dezembro de 1977, às vésperas de completar 57 anos, Clarice morreu de câncer.
Aqui, ela persiste viva e intensa. Nós, nesta breve homenagem, deixamos alguns trechos de seus belos escritos:
“Sobretudo um dia virá em que todo meu movimento será criação, nascimento, eu romperei todos os nãos que existem dentro de mim, provarei a mim mesma que nada há a temer, que tudo o que eu for será sempre onde haja uma mulher com meu princípio, erguerei dentro de mim o que sou um dia, a um gesto meu minhas vagas se levantarão poderosas, água pura submergindo a dúvida, a consciência, eu serei forte como a alma de um animal e quando eu falar serão palavras não pensadas e lentas, não levemente sentidas, não cheias de vontade de humanidade, não o passado corroendo o futuro! O que eu disser soará fatal e inteiro!” (Perto do Coração Selvagem)
 “Ficaram em silêncio muito tempo, um silêncio que não pesava. Até que ele, como se quisesse lhe dar alguma coisa, disse:
-Olhe para esse pardal, Lóri – mandou ele – não pára de ciscar o chão que aparentemente está vazio mas com certeza seus olhos vêem comida.
Obediente, ela olhou. E de súbito eis que o pardal alçou vôo, e na surpresa Lóri esqueceu-se de si própria e disse como uma criança para Ulisses:
-É tão bonito que voa!
Falara com a inocência que usava nas aulas com as crianças, quando não temia ser julgada. Inquieta então olhou rápido para o lado de Ulisses. Ele a olhava. Com um susto Lóri notou: era um olhar… de amor?” (Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres)
“Não é confortável o que te escrevo. Não faço confidências. Antes me metalizo. E não te sou e me sou confortável; minha palavra estala no espaço do dia. O que saberás de mim é a sombra da flecha que se fincou no alvo. Só pegarei inutilmente uma sombra que não ocupa lugar no espaço, e o que apenas importa é o dardo”. (Água Viva)
“Se tivesse a tolice de se perguntar ‘quem sou eu?’ cairia estatelada e em cheio no chão. É que ‘quem sou eu?’ provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto.” (A Hora da Estrela)
“Estou desorganizada porque perdi o que não precisava? Nesta minha nova covardia – a covardia é o que de mais novo já me aconteceu, é a minha maior aventura, essa minha covardia é um campo tão amplo que só a grande coragem me leva a aceitá-la –, na minha nova covardia, que é como acordar de manhã na casa de um estrangeiro, não sei se terei coragem de simplesmente ir. É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me mesmo seja de novo a mentira que vivo.” (A Paixão Segundo G. H.)
Sua história contada com mais detalhes, bem como sua obra completa, podem ser conferidas nessa página dedicada especialmente a Clarice Lispector.