segunda-feira, 29 de março de 2010

UM NOVO OLHAR SOBRE A NOVA ALFABETIZAÇÃO DO INSTITUTO ALFA E BETO


Caríssimos e Caríssimas,

Desculpem utilizar esse nosso espaço para fazer uma denúncia, mas conto com esse valoroso grupo para me ajudar a divulgar o que vem acontecendo com as escolas municipais da cidade do Rio de Janeiro.


Finalmente, a SME/RJ está utilizando as verbas a ela destinada desde sempre. A Claudia Costin, como boa administradora que é, e já tendo tido experiência em outros cargos governamentais, inclusive na esfera federal, sabe direitinho onde o dinheiro está e tem captado literalmente tudo o que é possível captar. Mas...


Apesar de todos os avanços no campo administrativo que estão sendo realizados nessa gestão, a orientação pedagógica está uma verdadeira barafunda!


Dentre as inúmeras propostas de "salvação" que a SME/RJ anda apresentando aos professores, de maneira absolutamente arbitrária, está uma cartilha, baseada no método fônico ou fonético - muito utilizado nos anos 50/60 e que é condenado por todos os estudiosos do assunto, desde a década de 80.


As cartilhas chegaram para serem distribuídas para as escolas cujos alunos têm dificuldade na aprendizagem da leitura. É um projeto caro, encomendado a um Instituto chamado Alfa e Beto. Chama-se "Aprender a ler" e tem um livro suplementar, com pseudo histórias para os alunos.


Com essa cartilha, pretende-se alfabetizar, finalmente, as crianças... a justificativa é que, com os métodos anteriores, as crianças não obtiveram sucesso. Posso afirmar que a metodologia do ensino de alfabetização que era orientada aos professores nunca chegou a ser implantada efetivamente no nosso município - por motivos políticos.


Desde 2002, ainda na gestão do Prefeito César Maia, as capacitações em serviço para os professores da Rede Pública Municipal foram suspensas.


As atualizações para os professores foram retomadas no final de 2009, já na gestão do Eduardo Paes. Esse vácuo de 7 anos para o magistério foi fatal. Haja vista a pesquisa recentemente publicada, em que os professores culpam as famílias dos alunos pela não aprendizagem dos mesmos. (O pior é que a SME/RJ também acredita nisso uma vez que lançou uma "cartilha" para as mães - e somente elas - aprenderem a acompanhar os filhos em seus estudos. Isso é, no mínimo, grotesco... um dos conselhos dado às mães, é que tenham um local adequado em suas casas, para as crianças estudarem. Um local silencioso, com boa iluminação, boa ventilação e confortável..
.) Têm ideia de qual planeta quem escreveu isso vive?

Retrocedemos 20 anos no pensamento pedagógico dessa Rede.


Algumas outras propostas de salvação do ensino na Rede Pública, são, ainda, a volta da 2ª época e dos deveres de casa...


Voltando à cartilha de alfabetização, envio um dos textos para vocês verem, com algumas observações iniciais.


Minha chinela amarela


"Olá, eu sou o Charles.

Eis a minha chinela.
Minha chinela é amarela.
Eu chamo minha chinela de Chaninha!

Chaninha vive no armário

De manhã, Chaninha sai do armário e vem para mim.
E Chaninha vem me ver, cheia de charme!

Eu saio ao sol, eu e a minha chinela...

Eu saio na rua...
Eu e a minha chinela.
Eu e a minha Chaninha! Lá vamos nós!

Às vezes, eu suo muito.

Eu suo na Chaninha.
Aí, ela cheira mal!
Uuuuu! Ela cheira a chulé!

Se dá chulé na Chaninha, mamãe leva e lava.

Mamãe lavou, lavou e a Chaninha furou.

Hum, a chinela é cheirosa afinal!

Chaninha é velha.
Mesmo assim ela é maravilhosa!
"

1 - Qualquer professor de Língua Portuguesa pode atestar que isso acima é quase um não-texto, porque possui débeis elementos básicos de coesão, e baixíssimo nível de coerência. São quase frases soltas;

2 - costumamos dizer que esse tipo de não-texto imbeciliza os alunos;
3 - é também inadequado para a faixa etária a que está endereçado;
4 - não utilizamos chinelas no Rio de Janeiro;
5 - Charles é um nome, ah digamos... não brasileiro;
6 - e, Chaninha, na minha terra é... vocês sabem o que significa.

Sou profª da Rede Municipal há 32 anos e nunca vivenciei nada semelhante. Nunca a SME foi tão retrógrada, com atitudes tão conservadoras e tão inconsequente em seus atos.


A Claudia Costin tem uma mídia hiper forte com ela, que é excelente administradora, mas não entende bulhufas de Educação e nem a equipe que montou para assessorá-la. E os professores ah, digamos, mais conscientes, estão sem espaço pra contar suas histórias. Só aparece o que dá cartaz ao governo, e que está apenas na superfície.


Pra terminar, outra "história" tirada da cartilha:


Zé e Zuza


" Zé amola seu mano Zuza.

- Ei, Zuza zonzo!
- Não amola, Zé!

Uma manhã, uma luz iluminou Zuza.

- O Zé não me amola mais!

Zuza assou uma massa de sal numa noz.

- Uma noz, mano Zuza! Eu amo noz! Ulalá!

E zás!

Ai, ai, ai!
Noz com sal?
Zuza amolou o Zé, ou não?

O Zuza não amolou.

- Amo noz! amo sal! Noz e sal, uau! Amei!

Ué, nem o sal na noz amola o Zé!

- Ô, mano Zé lelé!
- Ê, miolo mole!"

Parece sacanagem? E é!!! Sacanagem com os meninos e meninas das escolas públicas municipais do Rio de Janeiro.


Obrigada pela atenção

Denise Vilardo

COMENTÁRIO SOBRE EXCELENTE ARTIGO DE JOSE CARLOS ANTÔNIO

Bom domingo a todos!

Prof. José Carlos,
Execelente artigo! A reflexão que podemos fazer, será:
O que acontecerá no Rio de Janeiro, onde esta política do PSDB está sendo deliberadamente copiada pela Claudia Costin?
Os caderninhos que foram queimados também existem no Rio de Janeiro com informações incorretas e com erros de ortografia... Diariamente, acabam com projetos e contratam outros a preços altíssimos para produzirem os textos sem nexo com "chaninhas suadas" onde a criança não encontra nenhum significado, profissionais competentes estão sendo transferidos e o Diário Oficial virou o twitter da secretária onde professores puxam seu saco colocando que está tudo as mil maravilhas...
Aonde nós vamos parar? São trazidos profissionais de São Paulo, a preço de ouro,que não conhecem a nossa rede e só fazem experimentações... tudo em função do aumento do índice do IDEB, sua grande meta!
Nosso sindicato, que vai muito mal das pernas, não nos representa... As direções estão perdidas, pois o que era para fazer pela manhã á tarde já é transformada em outra planilha. Produzimos dados diariamente, para que as ONg's tercerizadas sejam benificiadas com grandes sucessos...O que conseguimos em 30 anos de estudo sério, foi totalmente desmobilizado... a qualidade pedagógica retroagiu em 30 anos, voltamos às cartilhas!
Os Laboratórios de Informática estão sem diretriz, pois as salas de leitura polo foram exterminadas e quem assumiu ainda não disse a que veio, está pesquisando dados que temos em nossas antigas planilhas!
O pior é que não há mobilização dos professores!!!


Desabafo de
Regina Karla de Azevedo

AS MÚLTIPLAS LEITURAS DE NOSSA REALIDADE...

Estamos vivendo um momento muito difícil em nosso cotidiano, por isso estamos utlizando este espaço para manter a nossa comunidade informada do que está acontecendo, por diversos olhares...
são as múltiplas leituras de nosso cotidiano...O professor Jóse Carlos Antônio postou em seu site um artigo sobre a greve de professores de São Paulo.
Logo após coloco o comentário que enviei ...
Quando todos estão errados, alguém precisa fazer a coisa certa PDF Imprimir E-mail
Professor socorrendo policial feridoSão Paulo, 26/03/2010. Em meio à fumaça das bombas, as balas de borracha, pedradas e pauladas, a cena registrada pelo fotórgrafo Clayton de Souza (Agencia Estado) simboliza toda força e toda fraqueza de um momento "humano, demasiado humano", plagiando o título idêntico da obra de Friedrich Nietzsche (1878).
De um lado um sindicato sem rumo, uma greve que se iniciou sem pauta clara e um movimento heterogênio, onde professores reivindicando melhores salários e condições de trabalho se misturam a pelegos e ativistas políticos inconsequentes (os porra-loucas de sempre). Do outro, um governo arrogante e incompentente, guiado por um desejo sombrio de eternização no poder a qualquer preço e que abusa dos preceitos de segurança a que tem direito legal e usa a polícia como instrumento de repressão (dentre outros).
Mas no meio, bem no meio, um professor e um soldado. Ambos mal pagos pelo mesmo patrão, ambos difamados pela mesma mídia chapa-branca e ambos esquecidos pela dita "sociedade formadora de opinião", que depois de formar uma opinião muito romântica sobre si mesma, tem se dedicado apenas a coçar o próprio umbigo.
Esta imagem tem um quê de tristeza, pois mostra como duas categorias que não são antagônicas, e que existem, ambas, para o promover o bem-estar da sociedade, uma protegêndo-a, outra educando-a, são levadas ao confronto em nome de grupos outros, com interesses outros e bem distantes dos interesses de soldados e professores. O professor que carrega o policial ferido é também o mesmo que educa seus filhos e que tenta construir uma sociedade menos violenta, politicamente mais consciente e que possa um dia abolir governos autoritários e incompetentes, como o governo de São Paulo tem sido e agido ao longo de toda a gestão do PSDB.
Policial imobiliza professorJá na imagem seguinte, onde um professor é imobilizado por um soldado, é difícil compreender que o soldado só esteja cumprindo o seu dever. Mas é assim que é. Esse soldado não invadiria uma escola e agrediria um professor por desejo próprio, porque não gosta de professores. Ele provavelmente é um bom soldado e cumpre as ordens dos seus superiores. Mas o recado que a imagem passa é bastante claro: esse governo não gosta de professores, não gosta de soldados e, no limite, tem nojo da sociedade e ama o poder acima de todas as demais coisas, pessoas e instituições.
Caderninhos queimadosAbsurdos são situações improváveis, aquelas que não esperaríamos ver, como essa imagem de alunos e professores queimando livros. Não que sejam livros importantes, pois são apenas os "caderninhos" onde o governo gastou milhões do meu e do seu dinheiro para "encinar"  (sic o próprio caderninho) que existem vários Paraguais em locais improváveis do mapa e, para,além de alimentar a simpatia política de editoras que farão boas doações para o PSDB, passar a falsa impressão de que está se investindo na educação paulista. Os livros que o MEC envia às escolas são imensamente melhores e não custam um tostão a mais ao Estado de São Paulo, nem aos alunos.
Esses caderninhos, além de didaticamente ruins, são quase inúteis, porque pedagogicamente mal concebidos, e geralmente chegam às escolas apenas depois que o assunto já foi estudado em sala de aula, ou trazem propostas irreais que são abandonadas pelos professores. Os alunos os jogam fora (não acho que queimem) e muitos professores os ignoram porque dispõem de material melhor oferecido pelo MEC. Mas, mesmo assim, nada justifica que sejam queimados. Esse ato "simbólico", ainda que pretenda representar a "queima do governo" ou a "queima que o governo promove no nosso dinheiro" para fazer campanha para si mesmo, tem o lado infeliz demais de também representar o desperdício de algo que, embora mal concebido e mal desenvolvido, representa ainda assim um recurso à mais disponível para a escola.
Guerra urbana
Nessa "guerra de partidos", entremeio a sindicatos frouxos e governos desgovernados, o que tem restado para os filhos do povo de São Paulo são escolas falidas, entulhadas de pobres que têm aulas com professores pobres e são protegidos por uma polícia empobrecida, diferentemente dos filhos da burguesia formadora de opinião, dos políticos carreiristas e aventureiros e da elite que usufrui de ambos.
É nesse mundo de contradições, abandonado por sindicatos e governos, caluniado pela mídia chapa-branca e ignorado ostensivamente pela elite pensante que orbita o próprio umbigo, que uma imagem de um professor carregando um policial ferido ganha uma importância simbolica muito grande: ela é o retrato de uma sociedade que tem que aprender a carregar a si própria e deixar de ser carregada por sindicatos e governos incompetentes, que defendem a si próprios em nome daqueles que se degladiam por melhores condições de vida e trabalho.
Meus parabéns aos colegas professores e aos policiais que estiveram, ambos, cumprindo seus deveres. Meus pêsames ao sindicato e ao governo.
Retirado do site:  http://www.profjc.net/

segunda-feira, 22 de março de 2010

REFLEXÃO

"Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo. "
Mahatma Gandhi

FELIZ DIA DO CONTADOR DE HISTÓRIAS

A paixão de dizer/2
Esse homem, ou mulher, está grávido de muita gente. Gente que sai por seus poros. Assim mostram, em figuras de barro, os índios do Novo México: o narrador, o que conta a memória coletiva, está todo brotado de pessoinhas.
Eduardo Galeano

sábado, 20 de março de 2010

O OUTONO CHEGOU!

Vamos esperar novas sementes nesta nova estação!

DOCUMENTO DE REPÚDIO AO ATO DA SECRETÁRIA CLAUDIA COSTIN


QUEREMOS A CONTINUIDADE DA SALA DE LEITURA
COM A PRESENÇA DO MEDIADOR QUALIFICADO!
Os professores regentes de Sala de Leitura das Escolas Públicas do Município do Rio de Janeiro vêm tornar pública ação que consideram incoerente com a busca por uma escola pública de qualidade e com todo o discurso da atual SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO CLAUDIA COSTIN por uma cidade leitora, quando implantou o projeto “Rio Uma Cidade de Leitores”.
Durante o período de férias dos professores a SECRETÁRIA CLAUDIA COSTIN, determinou o fim das Salas de Leitura Polo nas escolas municipais, numa manobra desrespeitosa com os docentes que atuam nestes espaços. Tal ação, tendo em vista o período em que se deu o fato, dificultou a inserção dos mesmos em outras escolas e/ou funções. Além disso, até a presente data não temos nenhum documento oficial, já que existe a Resolução SME nº 560 de 1996, que regulamenta a organização das Salas de Leitura, até a data de hoje.
As Salas de Leitura Polo eram responsáveis pelo desdobramento das orientações gerais do trabalho junto às demais Salas de Leitura, denominadas Satélites. Funcionavam com infra-estrutura e pessoal especializado para a irradiação e multiplicação de metodologias específicas voltadas para o texto literário.
Na figura do professor de Sala de Leitura Polo temos o especialista, o formador de novos mediadores, o organizador, o multiplicador das ações advindas do Nível Central e das Coordenadorias Regionais de Educação (CRE).

Suas ações são desenvolvidas a partir de projetos elaborados de acordo com a realidade de cada Unidade Escolar, considerando as diretrizes gerais da proposta: projetos literários; centro de estudos; oficinas; empréstimos de livros; orientações para pesquisas escolares; minicursos; rodas de leitura; contação de histórias; teatralização de histórias; encontro com autores; seleção e indicação de livros para a composição do acervo; participação no Salão do Livro e na Bienal Internacional do Livro; mostras de trabalhos; produções de livros; jornal; vídeo; rádio; animações e informática, entre outras atividades,  sempre com base na leitura literária.

Com o fim da Sala de Leitura Polo determinado pela SECRETÁRIA CLÁUDIA COSTIN, toda essa estrutura ficará comprometida, pois foram ceifadas de sua liderança e apoio. Sem falar  no investimento feito ao longo de pelo menos 20 anos na formação nestes profissionais e que está, sendo jogado fora.
Os voluntários e estagiários agora recebidos na Rede, por mais boa vontade que possuam, não terão condições de realizar todo o trabalho do Professor de Sala de Leitura Polo, no máximo, vão auxiliar o Professor das Satélites.
De nada adianta uma Sala de Leitura cheia de livros sem a mediação adequada, feita por um mediador qualificado, que faça um trabalho de sedução do leitor, da leitura pelo prazer.
Não podemos nos calar diante da possibilidade de interrupção de uma Política Pública de Promoção da Leitura e de Formação de Leitores nas Unidades Escolares que compõem a Rede Pública Municipal.
A justificativa é a falta de professores na Rede. Sabemos que o problema é sério, mas não será dessa forma que será resolvido, pois com o término das Salas de Leitura Polo serão aproveitados no máximo um universo de 50 professores, sendo que nem todos foram redirecionados para a sala de aula.
Esclarecemos também que a SECRETÁRIA CLÁUDIA COSTIN se recusa a responder nossas mensagens e aceitar um encontro com uma comissão de professores de Sala de Leitura para um debate aberto sobre o assunto.

            Esta é uma luta por pela escola pública de qualidade, o que passa por uma escola leitora e formadora de leitores críticos.

terça-feira, 16 de março de 2010

SALVE O DIA NACIONAL DA POESIA

Salve a poesia neste seu dia!!!! A paz em versos de Drummond!!! Para começar o dia inspirado, aqui vai um poema do menestrel de Itabira ,"O Lutador", em que o poeta sinaliza para o seu objeto de desejo: a palavra. Instrumento de trabalho, a palavra alçada a condição de arte é a luta diária do poeta.

O LUTADOR


CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.


Algumas tão fortes
como o javali.
Não me julgo louco.


Se o fosse, teria
poder de encantá-las.


Mas lúcido e frio,
apareço e tento
apanhar algumas
para meu sustento
num dia de vida.


Deixam-se enlaçar,
tontas à carícia
e súbito fogem
e não há ameaça
e nem há sevícia
que as traga de novo
ao centro da praça.


Insisto, solerte.
Busco persuadi-las.
Ser-lhe-ei escravo
de rara humildade.


Guardarei sigilo
de nosso comércio.
Na voz, nenhum travo
de zanga ou desgosto.


Sem me ouvir deslizam,
perpassam levíssimas
e viram-me o rosto.


Lutar com palavras
parece sem fruto.


Não têm carne e sangue...
Entretanto, luto.


Palavra, palavra
(digo exasperado)
se me desafias,
aceito o combate.


Quisera possuir-te
neste descampado,
sem roteiro de unha
ou marca de dente
nessa pele clara.


Prefere o amor
de uma posse impura
e que venha o gozo
da maior tortura.


Luto corpo a corpo,
luto todo o tempo,
sem maior proveito
que o da caça ao vento


Não encontro vestes,
não seguro formas,
é fluido inimigo
que me dobra os músculos
e ri-se das normas
da boa peleja.


Iludo-me às vezes,
pressinto que a entrega
se consumará.


Já vejo palavras
em coro submisso,
esta me ofertando
seu velho calor,
outra sua glória


feita de mistério,
outra seu desdém,
outra seu ciúme,
e um sapiente amor


me ensina a fruir
de cada palavra
a essência captada,
o sutil queixume.


Mas ai! é o instante
de entreabrir os olhos:
entre beijo e boca,
tudo se evapora.


O ciclo do dia
ora se conclui
e o inútil duelo
jamais se resolve.


O teu rosto belo,
ó palavra, esplende
na curva da noite
que toda me envolve.


Tamanha paixão
e nenhum pecúlio.
Cerradas as portas,
a luta prossegue
nas ruas do sono.


Levem para as ruas do sono e do sonho essa paixão pela palavra em sua poética paisagem e tenham um domingo de delicada sensibilidade. Um abraço de feliz dia da poesia,


Fátima Miguez
 Retirado do site:http://www.fatimamiguez.pro.br

sábado, 13 de março de 2010

BIBLIOTECA DIGITAL MUNDIAL

Maria Helena R. R. de Sousa - 28.2.2010

Lançada na sede da Unesco, em Paris, já está disponível na Internet a biblioteca que reune mapas, textos, fotos, gravações e filmes de todos os tempos e explica em sete idiomas as jóias e relíquias culturais de todas as bibliotecas do planeta. Fácil de navegar: http://www.wdl.org/

Cada jóia da cultura universal aparece acompanhada de uma breve explicação do seu conteúdo e seu significado. Os documentos foram passados por scanners e incorporados no seu idioma original, mas as explicações aparecem em sete línguas, entre elas o português. A biblioteca começa com 1200 documentos, mas foi pensada para receber um número ilimitado de textos, gravados, mapas, fotografias e ilustrações.

Como se acede ao sítio global? O acesso é gratuito e os usuários podem ingressar diretamente pela Web , sem necessidade de se registrarem.

Permite ao internauta orientar a sua busca por épocas, zonas geográficas, tipo de documento e instituição. O sistema propõe as explicações em sete idiomas (árabe, chinês, inglês, francês, russo, espanhol e português), embora os originas existam na sua língua original.

Desse modo, é possível, por exemplo, estudar em detalhe o Evangelho de São Mateus traduzido em aleutiano pelo missionário russo Ioann Veniamiov, em 1840. Com um simples clique, podem-se passar as páginas de um livro, aproximar ou afastar os textos e movê-los em todos os sentidos. A excelente definição das imagens permite uma leitura cômoda e minuciosa.

Entre as jóias que contem no momento a BDM está a Declaração de Independência dos Estados Unidos, assim como as Constituições de numerosos países; um texto japonês do século XVI considerado a primeira impressão da história; o jornal de um estudioso veneziano que companhou Fernão de Magalhães na sua viagem ao redor do mundo; o original das "Fábulas" de La Fontaine, o primeiro livro publicado nas Filipinas em espanhol e tagalog, a Bíblia de Gutemberg, e umas pinturas rupestres africanas que datam de 8.000 A.C.

Duas regiões do mundo estão particularmente bem representadas: América Latina e Médio Oriente. Isso deve-se à ativa participação da Biblioteca Nacional do Brasil, à biblioteca de Alexandria, no Egipto e à Universidade Rei Abdulá da Arábia Saudita.

A estrutura da BDM foi decalcada do projeto de digitalização da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, que começou em 1991 e atualmente contém 11 milhões de documentos em linha.

Os seus responsáveis afirmam que a BDM está sobretudo destinada a investigadores, professores e alunos. Mas a importância que reveste esse sítio vai muito além da incitação ao estudo das novas gerações que vivem num mundo audio-visual.
RETIRADO DO BLOG: Associação de Leitura do Brasil

sexta-feira, 12 de março de 2010

MAIS DEPOIMENTOS DE PROFESSORES SOBRE O TÉRMINO DAS SALAS DE LEITURA POLO

“Não consigo acreditar que isso tenha acontecido, nossos encontros eram maravilhosos, as troca eram muito ricas Acho que seremos também a próxima bola da vez não.”


”Nossa, não sabia do término da SLP. Para mim, é um momento de tristeza, certamente, pois vocês, nesta árdua tarefa, sempre estiveram prontas a nos ajudar. Mas, não vamos deixar a peteca cair, esteja certa disso.”


“O que houve? Quem deu esta notícia? Saiu em DO?
Estou muito chateada!
Sabe qual será o próximo passo, não é? O fim de todas as salas de leitura!!!!!
Com certeza, isso é só o início.
Que pena!!!!!
Mas tenho certeza de que todas temos a consciência tranquila de que realizamos (no presente) um excelente trabalho: um trabalho fundamental de ajuda para nossos alunos!”


“É uma perda irreparável, tínhamos todo o apoio de vocês no que fosse preciso, eles cada vez mais buscam desarticular o que é verdadeiramente produtivo, e assim poder afirmar que temos que buscar soluções ... nas desordens em que eles nos impõem...
Obrigado pelo apoio, pelo aprendizado e principalmente pela amizade!”


“Entre outras coisas boas que me aconteceu, uma delas foi ter te conhecido e participar de nossos encontros. É um trabalho de formiguinha.”


“Queridas amigas ,
Fiquei muito triste com a notícia ( mas no fundo desconfiava de algo terrível) e também decepcionada. Como se sustenta a proposta de "cidade leitora" quando na primeira oportunidade cortam as raízes de onde as árvores sempre brotaram.
Sim, devemos marcar um encontro, mesmo porque não somos máquinas deixadas de lado ao sabor da politicagem da esquina.
Nossos encontros serão sempre lembrados, os e-mails, as dinâmicas, o entusiasmo e a delicadeza , esses momentos ficarão para sempre.
Sala de Leitura ( até quando?)”


“Não sei nem o que dizer...
Espero que isso se reverta! Como os alunos terão acesso à leitura sem ter quem a promova?
Continuaremos tentando!!!!
Estou aqui se precisar, não suma. Acho que alguém irá perceber a loucura que é isso!
Muita força”


“Primeiro quero escrever que levei um tempo, necessário, para ler várias vezes seu texto e depois um silêncio se instalou absurdamente. Foi como um grito no abismo, pois penso que mesmo que gritasse muito alto, tenho a impressão que ninguém ouvirá.
Acredito na importância desse grito, mesmo que saia baixo, engasgado, em soluções ou em choros. Acredito na importância desse grito, mesmo que ninguém ouça, se importe, compartilhe ou até mesmo compreenda.
Tudo que vivemos, como você tão bem escreveu, só terá sentido, se nesse momento, levantarmos mais uma vez e mostrarmos que somos" pau pra toda obra", o faz tudo da escola mesmo, aquele que encara qualquer turma , assim sem aviso prévio, porque o colega está afastado, e ao entrarmos na sala, realizarmos um trabalho de formiguinha de encantamento.
Somos sim, os professores de Sala de Leitura, agora foi a Sala Polo, mas e amanhã qual será?”


“Será que isso não tem volta? E todo o trabalho desenvolvido por vocês até hoje? É, cada dia aumenta mais minha decepção , não com a nossa educação, mas com quem diz ter competência para encarar tal desafio. ”

“No MEU apagar das luzes ( estou me aposentando) fico muito triste que tais atitudes sejam tomadas por dirigentes que se dizem preocupados com o bom desempenho dos nossos alunos.

Sei, com certeza, que o trabalho de vocês é reconhecido por todas nós e que, onde quer que estejam atuando, vão continuar dando o melhor de si mesmas para que nossas crianças tenham um mundo melhor e mais justo.







quinta-feira, 11 de março de 2010

AINDA COMEMORANDO O DIA DA MULHER

Saber Viver


Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar

 

ENCANTAMENTO POSSÍVEL

Você que faz do desencontro
encontros lúdicos de prazer literário
Você que cai nas rasteiras
se levanta em seguida e mesmo machucada transvestida de muitos personagens
Você que rema contra a correnteza e a força das marés
mas consegue alcançar a margem do outro lado
Você que de longe está perto de todas as batalhas,
porque quer vencer a guerra da cegueira das letras
Você que sonha, vive/leva as fantasias da imaginação
mas não tira o pé da realidade
Você que tantas vezes se vê sozinha no meio da multidão,
 mas se faz acompanhar por mulheres de todas as épocas e lugares

A você, mulher renitente, educadora,
professora de Sala de Leitura, meu abraço hoje e sempre
Elizabeth Caldas  – Leonel Azevedo – 8 DE MARÇO DE 2010

segunda-feira, 8 de março de 2010

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

"Eu sou aquela que fez a escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores."




Com esta frase da grande poetisa e mulher Cora Coralina desejo um feliz Dia Internacional da Mulher para vocês.
Beijos,
Beth e Regina Karla

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

domingo, 7 de março de 2010

QUANTO DEVERIA CUSTAR UM LIVRO?

Para brasileiros, preço deveria ser R$ 18
SÃO PAULO – Para os brasileiros, um livro deveria custar R$ 18, o ingresso para uma peça de teatro, R$ 15, e para assistir a algum filme no cinema, R$ 9. Os valores foram verificados em pesquisa realizada pela Fecomércio-RJ (Federação do Comércio do Rio de Janeiro), que identificou o perfil de consumo de cultura do brasileiro.
Na primeira pesquisa da federação, realizada em 2007, o valor justo do livro para os brasileiros deveria ser R$ 19. Em dois anos, a percepção é a de que o produto deveria ser mais em conta.
Com relação ao valor do ingresso de teatro, houve um encarecimento na média apontada pelos pesquisados. Em 2007, eles acreditavam que o ingresso justo é aquele que custa R$ 14.
No caso do cinema, há três anos, os brasileiros acreditavam que o ingresso deveria custar R$ 8, contra R$ 9 verificados na última pesquisa.
Preços justos
A pesquisa verificou ainda que, para os entrevistados, um show deveria custar R$ 16, contra R$ 15 verificados em 2007. Já o ingresso de um espetáculo de dança deveria sair por R$ 14, contra os R$ 13 apontados na primeira pesquisa.
O valor das entradas de uma exposição dado pelos brasileiros foi o que mais subiu. Em 2007, os entrevistados disseram que os ingressos deveriam custar R$ 11, contra R$ 15 verificados na última pesquisa.
Preços não são determinantes
De acordo com o levantamento, os brasileiros consomem menos bens e serviços culturais, na comparação com 2007. E, embora não seja determinante, o valor dos bens e produtos culturais foram citados pelos entrevistados como um dos motivos para não realizar alguma atividade cultural.
Os ingressos caros foram apontados por 2% a 15% dos pesquisados, dependendo da atividade, como motivo para a falta de consumo no ano passado. Porém, a principal razão apontada pelos pesquisados é a falta de hábito – resposta citada por 35% a 60% dos entrevistados, dependendo da atividade.

CONCURSO DE CONTOS

"O Concurso de Contos Luiz Vilela, que homenageia com seu nome o escritor Luiz Vilela, nascido em Ituiutaba e aqui atualmente residindo, autor de vários livros, entre os quais “Tremor de Terra”, de contos, seu livro de estreia, e “Perdição”, romance, a ser em breve lançado, é uma promoção anual da Fundação Cultural de Ituiutaba, com o patrocínio da Prefeitura. Destinado a estimular a criação do conto e aberto a todos os escritores brasileiros, sejam eles inéditos ou já publicados, iniciantes ou já consagrados, o Concurso de Contos Luiz Vilela, que chega à sua 20.ª edição, é hoje, pelo valor de seu prêmio, pela qualidade de suas comissões julgadoras e pelo prestígio que confere aos seus ganhadores, o mais conhecido e disputado concurso de contos do país."
O concurso é aberto a todos os escritores brasileiros residentes em qualquer estado ou no exterior. Você pode enviar seu texto pelo correio.

Atenção para endereço da Fundação:
Fundação Cultural de Ituiutaba
Rua 24, n.° 1332
Ituiutaba, MG
38300-078
A inscrição é gratuita.
site: http://www.fculturalitba.com.br/

PROGRAMAÇÃO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS - 1° semestre


Ciclo Direitos Autorais
Coordenação: Alberto Venancio Filho
9 de março | O direito autoral e a ABL
Conferencista: Gustavo Martins de Almeida
Convidados:    Cláudio Lins de Vasconcelos
                       Fernando Brandt
16 de março | O direito autoral e os desafios das novas tecnologias
Conferencista: Sydney Limeira Sanches
Convidado:      Luis Erlanger

Ciclo Centenário de Morte de Joaquim Nabuco (I)
Coordenação: Marcos Vinicios Vilaça
18 de março | Conferência de abertura
Professor Fernando Henrique Cardoso
30 de março | Nabuco e o Recife
Conferencista: Roberto Cavalcanti de Albuquerque
6 de abril | A diplomacia de Jaquim Nabuco e as questões de fronteiras
Conferencista: Rubens Ricupero
13 de abril | Jaquim Nabuco memorialista
Conferencista:Alfredo Bosi

Mesa-redonda Centenário de Tancredo Neves
Coordenação: Marcos Vinicios Vilaça
23 de março
Orador: Eduardo Portella

Ciclo Uma Literatura Polifônica
Coordenação: Ana Maria Machado
20 de abril | As três escravidões
Conferencista: José de Souza Martins
27 de abril | Matrizes portuguesas
Conferencista:Cleonice Berardinelli
4 de maio | Vozes indígenas e sua reverberação
Conferencista: Alberto Mussa  
11 de maio | Vozes africanas e sua impregnação
Conferencista: Nei Lopes      
18 de maio | Vozes da imigração judaica
Conferencista: Berta Waldman 
Debatedores: Arnaldo Niskier e Moacyr Scliar
25 de maio | Vozes da imigração européia
Conferencista: Regina Zilbermann           
1º de junho | Relatos de incertos orientes
Conferencista: Beatriz Resende
8 de junho | Entidades nacionais brasileiras: Peri, Policarpo Quaresma e
         Macunaíma
Conferencista: Leyla Perrone-Moisés

Ciclo Presenças Acadêmicas: a memória reverenciada
Coordenação: Cícero Sandroni
22 de junho | A memória reverenciada: Acad. Rachel de Queiroz
Conferencista: Arnaldo Niskier
13 de julho | A memória reverenciada: Acad. Aurélio Buarque de Holanda
Conferencista: Evanildo Bechara
20 de julho | A memória reverenciada: Acad. Carlos Chagas Filho
Conferencista: Moacyr Scliar
27 de julho | A memória reverenciada: Acad. Miguel Reale
Conferencista: Celso Lafer

quinta-feira, 4 de março de 2010

SOMENTE QUINTANA PARA APAZIGUAR AS DORES DO CORAÇÃO


DEFICIÊNCIAS
”Deficiente” é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
“Louco” é quem não procura ser feliz com o que possui.
“Cego”é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.
 “Surdo” é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.
 “Mudo” é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
“Paralítico” é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
 “Diabético” é quem não consegue ser doce.
 “Anão” é quem não sabe deixar o amor crescer. E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:
“Miseráveis” são todos que não conseguem falar com Deus.
“A amizade é um amor que nunca morre”.

MARIO QUINTANA

terça-feira, 2 de março de 2010

HOMENAGEM A MINDLIN

"Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe — que faz a palma,
É chuva — que faz o mar."


Gosto muito desse trecho do poema "O Livro e a América" de Castro Alves. Ilustrou o último Café Literário que organizei. Sinto-me abençoada. Hoje ouvi alguém recitando o poema, numa alusão a José  Mindlin. Divido com vocês.
Um abraço.
Luciana Barreto

segunda-feira, 1 de março de 2010

ESCRITORES SOFRERAM MAUS-TRATOS DA EMBAIXADA NO CHILE


28/02/2010 - 20h01
Escritores sofreram maus-tratos da embaixada no Chile, diz ABL

da Livraria da Folha
Tuca Vieira/Folha Imagem


A ABL (Academia Brasileira de Letras) protestou, neste domingo, contra a Embaixada do Brasil no Chile. Em nota à imprensa, a instituição informa que os escritores brasileiros, surpreendidos pelo terremoto durante presença em Santiago do Chile por ocasião de um evento literário, sofreram "maus-tratos".

O presidente da ABL, Marcos Vilaça, enviou ao Itamaraty um mensagem reclamando do "mau atendimento" sofrido na sede da embaixada pela escritora Ana Maria Machado, secretária geral da ABL, e por integrantes de um grupo de autores convidados do 1º Congresso Ibero-americano de Língua e Literatura Infantil e Juvenil do Chile.

"Em contato telefônico conseguido na manhã de hoje, Ana Marias Machado relatou os maus-tratos com que os escritores estão sendo recebidos pelo Embaixador do Brasil, Mário Vilalva, e disse que o grupo irá promover manifestação na porta daquela missão. Não é possível que a triste situação que todos estamos vivendo no Chile seja ainda mais agravada com esse tipo de conduta", informou Vilaça, na nota.

No sábado, após o terremoto, os organizadores do congresso decidiram suspender o evento em solidariedade aos afetados pelo terremoto que atingiu o país na madrugada. Neste domingo, os escritores brasileiros ainda tentavam conseguir o retorno ao país.

O objetivo do congresso era discutir as perspectivas da produção de literatura infantil e juvenil ibero-americana.
Arte/Folha Online
Mapa mostra a região atingida por tremor no Chile; terremoto foi o maior no país em 25 anos



Confira livros sobre terremotos e cataclismos

Na tarde deste domingo, o Ministério das Relações Exteriores informou que foi restabelecida a comunicação com a embaixada do Brasil em Santiago, onde está sendo prestado o atendimento consular aos brasileiros que lá se encontram.

MORRE JOSÉ MINDLIN

O bibliófilo José Mindlin morreu na manhã deste domingo, em São Paulo. Ele tinha 95 anos e estava internado há cerca de um mês. A causa da morte foi falência múltipla de órgãos.

Mindlin foi jornalista, advogado e empresário. Mas, ao longo da sua vida, dedicou-se com mais carinho ao que mais gostava: livros.

Ele criou o maior e mais importante acervo particular de livros do Brasil. A sua biblioteca com mais de 38 mil títulos, 60 mil livros e documentos, entre eles obras raras, foi doada à Universidade de São Paulo.






LOUCURA MANSA
José Mindlin

Para mim é difícil falar simplesmente de gosto pelos livros, porque em matéria de livros meu caso é muito mais grave: é um amor que vem desde a infância, que me tem acompanhado a vida inteira, e ainda acima disto, é incurável.  Não se trata por isso de um interesse periférico, e o prazer que me tem proporcionado em todo este longo percurso, faz com que tenha procurado, permanentemente, desejar que muito mais pessoas possam também desfrutá-lo. Daí eu aproveitar qualquer oportunidade que me surja (e esta espero que seja uma delas) para inocular o vírus do amor ao livro em todos os possíveis leitores que já não o tenham adquirido anteriormente.
        O prazer que o livro pode trazer tem múltilos aspectos.  O primeiro, fundamental, que é obvio, mas muita gente não se dá conta disso, é o da leitura, através da qual se estabelece um contato com o mundo exterior que abre, para o leitor, horizontes ilimitados.  O livro informa, distrai, enriquece o espírito, põe a imaginação em movimento, provoca tanto reflexão como emoção, é, enfim um grande companheiro. Companheiro ideal, aliás, pois está sempre à disposição, não cria problemas, não se ofende quando é esquecido, e se deixa retomar sem histórias, a qualquer hora do dia ou da noite que o leitor deseja.
        Brincadeira à parte creio que a utilidade do livro é indiscutível, pois dá permanência ao pensamento humano.  Sem o livro, não teríamos chegado a conhecer a obra de filósofos, dramaturgos e cientistas da Antiguidade e da Idade média. A invenção dos tipos móveis por Gutenberg no século XV, permitindo surgimento do livro impresso, foi uma revolução comparável, e diria mesmo até superior à que resultou da informática, pelo menos até agora.
        De lá para cá, foram se formando as grandes bibliotecas, e aí surge o segundo prazer: possuir o livro, que, além do conteúdo, também pode ser apreciado como objeto de arte, pela ilustração, diagramação, papel, tipografia, ou encadernação. O primeiro livro que se adquire provoca a busca de outros e, em pouco tempo, começa a formar-se a biblioteca, em que por sua vez se formam as mais variadas coleções: autores, assuntos, edições, raridades, manuscritos, e muitos et ceteras.
        Há o prazer intelectual da leitura, e o prazer físico do contato com o livro.  Falo sempre de loucura mansa, e posso assegurar que não é só mansa: é também prazerosa. Sugiro a quem ainda não a tenha que procure contraí-la.

Retirado do livro: A Paixão pelos Livros – autores diversos – ED. Casa da Palavra