O projeto Ciranda de Oficinas rodando na 7ª CRE na E.M. 25 de Abril , Sala de Leitura Polo.
Este blog tem por finalidade (ou pretende) servir de apoio na formação continuada dos professores de Sala de Leitura da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro, com a presença de textos teóricos e pensamentos de estudiosos e/ou especialistas na área da leitura e da Literatura envolvendo as diferentes linguagens artísticas lidas na escola.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
TEXTO PARA REFLEXÃO 2
REPUTAÇÃO E CARÁTER
As circunstâncias entre as quais você vive determinam sua reputação.
A verdade em que você acredita determina seu caráter.
A reputação é o que acham que você é.
O caráter é o que você realmente é...
A reputação é o que você tem quando chega a uma comunidade nova.
O caráter é o que você tem quando vai embora...
A reputação é feita em um momento.
O caráter é construído em uma vida inteira...
A reputação torna você rico ou pobre.
O caráter torna você feliz ou infeliz...
A reputação é o que os homens dizem de você junto à sua sepultura.
O caráter é o que os anjos dizem de você diante de Deus...
POEMA PARA REFLEXÃO 1
DE PALAVRA EM PALAVRA
De palavra em palavra
Busco sentido
E argumentos
Para enfrentar cada luta
Cada batalha
Contra meus ideais.
Minam as minhas esperanças...
Resisto!
Sabotam minhas ações...
Resisto!
Golpeiam minhas elucidações...
Resisto!
Implodem minhas realizações...
Insisto!
Vencerei?!
Creio!
Vencerei?!
Creio!
Vencerei...
Indignação e fome de justiça social me movem
Fé e esperança na educação me impulsionam
Continuo
BETH - 4ª CRE - E.M. LEONEL AZEVEDO
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
MARATONA NA E. M. FRIEDENREICH - 2ª CRE
Esta foi a Maratona de Histórias da EM Friedenreich que aconteceu dia 4/11. Este ano o tema foi Monteiro Lobato, que é o nome da SL. Contamos com o apoio de duas professoras que se caracterizaram de Narizinho e Emília, ambas contaram histórias de Monteiro Lobato. A coordenadora se caracterizou de Cuca e contou histórias do Folclore.
A parte externa era o quintal do Sítio. Havia Gibis, livros de Monteiro e pnos livros, na árvore, de personagens do Sítio.
Andrea Neves - Sala de Leitura
A parte externa era o quintal do Sítio. Havia Gibis, livros de Monteiro e pnos livros, na árvore, de personagens do Sítio.
Andrea Neves - Sala de Leitura
PREMIAÇÃO DA MARATONA DE EUCLIDES DA CUNHA
1) Vanessa de Oliveira - E.M. Barão da Taquara - 7ª CRE
Orientadora : Lilian dos Santos de Mello Gonçalves - Profª de História
2) Mizael Albuquerque - E.M. Reverendo Martin Luyher King - 2ª CRE
Orientadora: Lilia Márcia de Almeida - Profª de SL
3) Larissa Oliveira de Souza - CIEP carlos Drummond de Andrade - 7ª CRE
Orientadora: Ana Paula Apolônia da Costa - Profª de SL
4) Rosilaine Lima Batista Felix - E.M. Alcide de Gasperi - 3ª CRE
Orientadora: Fernanda Samel López - Profª de LP
5) Jackeline Souza de Carvalho - E.M. Pracinha João da Silva - 8ª CRE
Orientadora: Rosa Maria Pinto de Souza - Profª de SL
Menção Honrosa - Maria de Fátima Silva - CREJA
Orientadora: Nema Maria Macedo de Andrade - Profª de LP
Orientadora : Lilian dos Santos de Mello Gonçalves - Profª de História
2) Mizael Albuquerque - E.M. Reverendo Martin Luyher King - 2ª CRE
Orientadora: Lilia Márcia de Almeida - Profª de SL
3) Larissa Oliveira de Souza - CIEP carlos Drummond de Andrade - 7ª CRE
Orientadora: Ana Paula Apolônia da Costa - Profª de SL
4) Rosilaine Lima Batista Felix - E.M. Alcide de Gasperi - 3ª CRE
Orientadora: Fernanda Samel López - Profª de LP
5) Jackeline Souza de Carvalho - E.M. Pracinha João da Silva - 8ª CRE
Orientadora: Rosa Maria Pinto de Souza - Profª de SL
Menção Honrosa - Maria de Fátima Silva - CREJA
Orientadora: Nema Maria Macedo de Andrade - Profª de LP
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
HOJE FOI UM DIA DE FORTES EMOÇÕES!
A primeira delas foi a alegria de reencontrar Simone, sorridente e forte depois de um período de fragilidade na sua saúde. Não foi só a pessoa que reencontramos, mas uma companheira com quem sentimos grande prazer em compartilhar nossas conquistas, alguém que nunca se colocou acima, mas junto de nós, no campo de trabalho. Lá estavam muitos companheiros de jornada diária na promoção da leitura. Além dos professores de SL, estava também boa parte da competente equipe da Mídia, valentemente coordenada por Catharina na ausência de Simone, companheiras também, que lutam, vibram, organizam e compõem conosco um corpo de trabalho forte e que tem dado um importante e significativo suporte nos projetos de trabalho, em especial os de leitura, mesmo que às vezes pareça insuficiente diante de tantas demandas.
A segunda delas foi ver nossos menin@s ali, vitoriosos, desfrutando do sucesso de sua competência e formação na/da escola pública de qualidade que a grande mídia se furta em divulgar, preferindo expor nossas feridas, que temos consciência de existirem, mas que não é maioria em nossas 1068 escolas. No meio dos meninos estava a aluna do CREJA acompanhada pela filha, que com certeza teve muito orgulho em ver sua mãe fazendo sucesso na escola. Para algumas pessoas pode ser surpreendente a qualidade dos trabalhos apresentados, mas para nós que militamos no dia a dia com eles, isso é alimento, reposição de energia e esperança.
A terceira e – desculpem minha sinceridade! – mais forte emoção da manhã, foi a apresentação espetacular dos meninos da E. M. Cuba, magnificamente preparados pela professora Vera Lúcia, a nossa “Capitu”. As palavras da Secretária – “foi a melhor exibição que assisti em toda a rede” – nos encheram de alegria e satisfação. Ela, que vem de fora, pode se surpreender. Mas nós da Polo, que acompanhamos o trabalho e as lutas de nossas Satélites “já sabíamos” do sucesso. Eles foram mesmo maravilhosos! Foram mesmo espetaculares! Foram mil!
A Sala de Leitura está por trás do sucesso da Maratona Euclides da Cunha, não só na orientação direta – 3 dos 5 primeiros colocados foram orientados pelo professor de SL – mas também pelo suporte na pesquisa e na produção em geral. É um trabalho de raiz, de competência, de informação, mas sobretudo de formação. Formação de leitores críticos, formação de leitores cidadãos.
Parabéns menin@s, parabéns Verinha! Vocês não deixam a gente desistir! Obrigada!
Elizabeth Almeida - 4ª CRE - Polo Leonel de Azevedo
A segunda delas foi ver nossos menin@s ali, vitoriosos, desfrutando do sucesso de sua competência e formação na/da escola pública de qualidade que a grande mídia se furta em divulgar, preferindo expor nossas feridas, que temos consciência de existirem, mas que não é maioria em nossas 1068 escolas. No meio dos meninos estava a aluna do CREJA acompanhada pela filha, que com certeza teve muito orgulho em ver sua mãe fazendo sucesso na escola. Para algumas pessoas pode ser surpreendente a qualidade dos trabalhos apresentados, mas para nós que militamos no dia a dia com eles, isso é alimento, reposição de energia e esperança.
A terceira e – desculpem minha sinceridade! – mais forte emoção da manhã, foi a apresentação espetacular dos meninos da E. M. Cuba, magnificamente preparados pela professora Vera Lúcia, a nossa “Capitu”. As palavras da Secretária – “foi a melhor exibição que assisti em toda a rede” – nos encheram de alegria e satisfação. Ela, que vem de fora, pode se surpreender. Mas nós da Polo, que acompanhamos o trabalho e as lutas de nossas Satélites “já sabíamos” do sucesso. Eles foram mesmo maravilhosos! Foram mesmo espetaculares! Foram mil!
A Sala de Leitura está por trás do sucesso da Maratona Euclides da Cunha, não só na orientação direta – 3 dos 5 primeiros colocados foram orientados pelo professor de SL – mas também pelo suporte na pesquisa e na produção em geral. É um trabalho de raiz, de competência, de informação, mas sobretudo de formação. Formação de leitores críticos, formação de leitores cidadãos.
Parabéns menin@s, parabéns Verinha! Vocês não deixam a gente desistir! Obrigada!
Elizabeth Almeida - 4ª CRE - Polo Leonel de Azevedo
terça-feira, 24 de novembro de 2009
ENQUANTO ISTO ACONTECIA EM VILA ISABEL...
Lá na E.M. Argentina, pólo da 2ª CRE, as professoras construíram o Cordel da Sala de Leitura, que ficou sensacional...
A Sala de Leitura
Venham todos minha gente
Descobrir esse mundão
Viajar pelas historias,
que não tem fronteira não
Conhecer este cordel
Feito com muita paixão
Sala de Leitura é boa
Um espaço genial
Tem cantiga, tem ciranda
Tem poesia no varal
Tem castelos e princesas
Piratas e perna-de-pau
Professora competente
Traz magia e sedução
E os alunos animados
Participam com emoção
Este espaço é da escola
Segure seu coração!
autoras: Tereza Haido, Sandra Lopes, Andrea Neves, Ilda Viegas, Claudia e Fátima
A Sala de Leitura
Venham todos minha gente
Descobrir esse mundão
Viajar pelas historias,
que não tem fronteira não
Conhecer este cordel
Feito com muita paixão
Sala de Leitura é boa
Um espaço genial
Tem cantiga, tem ciranda
Tem poesia no varal
Tem castelos e princesas
Piratas e perna-de-pau
Professora competente
Traz magia e sedução
E os alunos animados
Participam com emoção
Este espaço é da escola
Segure seu coração!
autoras: Tereza Haido, Sandra Lopes, Andrea Neves, Ilda Viegas, Claudia e Fátima
CIRANDA DE OFICINAS
Neste ano, tivemos a oportunidade de participar do projeto CIRANDA DE OFICINAS, elaborado pela Gerência de Mídia – Educação. Foram cinco encontros de oito horas, onde a partir de atividades de mediação de leitura e formação de leitores podemos “pensar” coletivamente em nosso “fazer” cotidiano. A principal idéia deste projeto é fazer a “Ciranda Rodar”, como disse Simone Monteiro. As Salas de Leitura Polo rodariam para as Satélites, durante os Centro de Estudos das Salas de Leitura e estas para as escolas... Trabalhamos os Contos de Fada, Fábulas, Mar de Histórias, Poesias e Contação de Histórias com a Denise Silva professoras do projeto Letras de Luz. Depois as oficinas foram com os professores do TEAR, então vimos a Literatura de Cordel, Contos Populares, Contos Africanos, Caetano Velloso, Patativa do Assaré e Guimarães Rosa com o Sergio Andrade. Desenvolvemos atividades sobre os uso da mídia e leitura de imagens com jornal, fanzines e blogs para os adolescentes com a Camila. E finalmente entramos de cabeça e corpo da Idade Média a partir das Aventuras do Rei Arthur com a Maria Clara ou melhor Rainha Morgana. Vimos também o uso de histórias em quadrinhos. Foram muito ricos os encontros e por isso deu tantos resultados positivos.
Nas fotos abaixo, está o repasse da Ciranda para as Salas Satélites da 3ª CRE, no pólo da E.M. Rio Grande do Sul estávamos trabalhando Literatura de Cordel, com técnicas de xilogravura...
Nas fotos abaixo, está o repasse da Ciranda para as Salas Satélites da 3ª CRE, no pólo da E.M. Rio Grande do Sul estávamos trabalhando Literatura de Cordel, com técnicas de xilogravura...
terça-feira, 17 de novembro de 2009
RESULTADO DA MARATONA EUCLIDES DA CUNHA
Divulgamos o resultado da Maratona Escolar Euclides da Cunha e queremos parabenizar nossos alunos, professores, escolas e CRE pela participação em todo o processo. Foi com muita alegria que recebemos elogio da Academia Brasileira de Letras pelo alto nível das redações enviadas para a seleção.
Foram enviadas para a ABL 32 redações das 109 recebidas das CRE e CREJA e os Acadêmicos selecionaram 05, de acordo com o Edital, concedendo, ainda, menção honrosa para uma das redações do CREJA.
Os vencedores do concurso de redação são:
Nome do aluno: Vanessa de Oliveira
Professor orientador: Lílian dos Santos de Mello Gonçalves
Escola:Escola Municipal Barão da Taquara – 7ª CRE
Nome do aluno: Mizael Albuquerque
Professor orientador: Roberta Andrade do Nascimento
Escola: Escola Municipal Reverendo Martin Luther King – 2ª CRE
Nome do aluno: Larissa Oliveira de Souza
Professor orientador: Ana Paula Monteiro Apolônia da Costa
Escola: CIEP Carlos Drummond de Andrade – 7ª CRE
Nome do aluno: Rosilaine Lima Batista Felix
Professor orientador: Fernanda Samel López
Escola: Escola Municipal Alcide de Gaspire – 3ª CRE
Nome do aluno: Jackeline Souza de Carvalho
Professor orientador: Rosa Maria Pinto de Souza
Escola: Escola Municipal Pracinha João da Silva – 8ª CRE
MENÇÃO HONROSA
Nome do aluno: Maria de Fátima Silva
Professor orientador: Nena Maria Macedo de Andrade
Escola: Centro Municipal de Referência de Educação de Jovens e Adultos
A cerimônia de premiação acontecerá no próximo dia 25/11, às 10h, na Academia Brasileira de Letras e convidamos para o evento os alunos, professores e direções das escolas das 32 redações enviadas à Academia, bem como os Coordenadores de CRE, Gerentes das GED, representantes das Salas de Leitura Polo e representantes do Nível Central.
Foram enviadas para a ABL 32 redações das 109 recebidas das CRE e CREJA e os Acadêmicos selecionaram 05, de acordo com o Edital, concedendo, ainda, menção honrosa para uma das redações do CREJA.
Os vencedores do concurso de redação são:
Nome do aluno: Vanessa de Oliveira
Professor orientador: Lílian dos Santos de Mello Gonçalves
Escola:Escola Municipal Barão da Taquara – 7ª CRE
Nome do aluno: Mizael Albuquerque
Professor orientador: Roberta Andrade do Nascimento
Escola: Escola Municipal Reverendo Martin Luther King – 2ª CRE
Nome do aluno: Larissa Oliveira de Souza
Professor orientador: Ana Paula Monteiro Apolônia da Costa
Escola: CIEP Carlos Drummond de Andrade – 7ª CRE
Nome do aluno: Rosilaine Lima Batista Felix
Professor orientador: Fernanda Samel López
Escola: Escola Municipal Alcide de Gaspire – 3ª CRE
Nome do aluno: Jackeline Souza de Carvalho
Professor orientador: Rosa Maria Pinto de Souza
Escola: Escola Municipal Pracinha João da Silva – 8ª CRE
MENÇÃO HONROSA
Nome do aluno: Maria de Fátima Silva
Professor orientador: Nena Maria Macedo de Andrade
Escola: Centro Municipal de Referência de Educação de Jovens e Adultos
A cerimônia de premiação acontecerá no próximo dia 25/11, às 10h, na Academia Brasileira de Letras e convidamos para o evento os alunos, professores e direções das escolas das 32 redações enviadas à Academia, bem como os Coordenadores de CRE, Gerentes das GED, representantes das Salas de Leitura Polo e representantes do Nível Central.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
SUGESTÃO DE TEXTO PARA A RODA DE LEITURA DO CENTRO DE ESTUDOS
Este texto sobre a polêmica da semana, Caetano Veloso referindo a Lula como analfabeto, será um deleite para a roda de leitura do Centro de Estudos.
Vejam como tem tudo a ver com o nosso trabalho como educadoras e como promotoras de leitura.
O texto foi escrito originalmente no blog: http://oleododiabo.blogspot.com por Miguel do Rosário no dia 06 de novembro de 2009.
Sem dúvida alguma um texto antológico!!!
Caetano e os analfabetos
A história ensina a não confiar nos artistas. A quantidade de artistas que aderiram às teses de Mussolini, alguns mesmos tornando-se verdadeiros heróis do Il Duce, como o poeta D'Annunzio, já mostra que um artista entende tanto de política quanto de matemática. Por acaso, há artistas que entendem de política, como há artistas que talvez entendam de matemática; mas trata-se, por assim dizer, de coincidências.
Nosso alegre boêmio, Augusto Frederico Schmidt, por exemplo, apoiou o golpe de Estado de 1964, ou pelo menos foi isso que os jornais deram a entender, quando publicaram manchete com uma frase sua favorável ao regime. Céline teve que esperar alguns anos antes de poder retornar a França, pois havia sido condenado à morte por causa de sua posição dúbia - em alguns momentos até favorável - quanto ao nazismo; e o incomparável Knut Hansum, que escrevera o romance mais doloroso do século XX, A Fome (que traz a descrição mais humana, mais viva e mais autêntica da fome, segundo Josué de Castro), filiou-se entusiasticamente ao partido nazista, recebendo, inclusive, condecorações!
Portanto, não estranhem quando um grande artista como Caetano Veloso dá voz a preconceitos tão mesquinhos, como fez na entrevista ao Estadão, na qual declarou que "votava em Marina porque ela não era analfabeta como Lula".
Dias depois, o "cafona", o "grosseiro", era, pela enésima vez, recebido pela rainha da Inglaterra, que tinha um sorriso sincero e admirativo no rosto. O analfabeto estava lá para receber um prêmio internacional da Chatham House... O Primeiro Mundo nem sempre foi o mar de rosas pacífico, limpo e desenvolvido que gostamos de imaginar. Inglaterra, França e EUA já viveram fome, guerra, miséria, revoluções, e aprenderam que somente superaram suas dificuldades em virtude da sabedoria, criatividade e força dos homens simples, dos homens do povo.
Afinal, o que é ser "analfabeto" para Caetano? Sua crítica, aliás, está na boca de muita gente. Há uma consciência de classe muito específica aqui. Sim, porque, a questão não é saber ler ou não, pois Lula sabe ler muito bem. A questão é possuir uma determinada cultura, mas qual é, exatamente, essa cultura? São os clássicos? Lula deveria ter lido a Ilíada, de Homero? Aí entramos numa situação curiosa. É que Homero era, ele sim, um analfabeto, embora no caso dele não seria possível outra condição, porque, segundo a maioria dos pesquisadores, o alfabeto grego ainda não fora inventado. Andei lendo bastante sobre isso, e descobri que uma das teorias mais respeitadas entre os estudiosos é que a pessoa que inventou o alfabeto grego (que é uma cópia do fenício, adaptada ao vocabulário grego) o fez justamente para anotar os versos de Homero. A seguinte cena deve ser imaginada: Homero recitando os versos para que esse astuto e pioneiro escrivão anote-os, e daí nasce a literatura ocidental!
Não precisamos ir tão longe. Antropólogos e historiadores vem estudando com muito afinco, desde os anos 60, o poder das culturas populares, baseadas sobretudo na tradição oral. Pode-se transmitir conhecimentos oralmente? É claro que sim, pois de outra maneira qual o sentido de pagarmos 120 mil dólares para ouvir um professor "falar" sobre Platão, numa sala em Harvard? Não poderíamos, simplesmente, ler Platão no conforto de nossa casa - e sem gastar os 120 mil dólares?
As palavras ouvidas e faladas valem menos que as palavras escritas? Bem, talvez não seja isso o que pretendia dizer Caetano, porque suas letras são "cantadas" e não "lidas", e não é preciso ter lido Levi-Strauss para saber apreciá-las corretamente. Caetano expressou uma noção sobre "etiqueta". Uma visão (embora inconscientemnete, e mesmo assim indesculpável) um tanto fascista sobre uma determinada forma de se comportar, de falar, de se expressar, e que inclui o conhecimento, mesmo que superficial, mesmo que seja apenas um verniz, sobre um cânone.
O mundo produziu milhões de livros importantes, e hoje em dia é virtualmente impossível estabelecer precisamente quais devem ser lidos ou não. Caetano não leu nem 1% desses livros, assim como Lula. Eu também não li. Por outro lado, poderia-se acusar Lula de não ter lido Dom Casmurro. De fato, é um livro interessante. Mas aí precisamos fazer um interrogatório detalhado ao presidente, porque corremos o risco de quebramos a cara se ele responder: "eu li Dom Casmurro. Não gostei muito". Aliás, é fácil entender porque um operário de chão de fábrica, sem grande interesse pela literatura universal, não demonstre entusiasmo pela história de um burguesinho ciumento...
Milhares de brasileiros leram Dom Casmurro, mas permanecem na condição de "analfabetos", pois continuam cafonas e grosseiros. Depois ter cantado em dupla, por tantas vezes, com Júnior (o irmãozinho genial da Sandy), supreendi-me com esse súbito repúdio de Caetano à estética cafona... Ah tá, Júnior com certeza não é analfabeto... Claudia Leite também não é analfabeta... É de se perguntar, além disso, se Caetano chamaria Cartola, Pixinguinha e Nelson Cavaquinho de "analfabetos", por não possuirem instrução formal e se comportarem de forma um tanto "cafona". Pixinguinha recebia seus convidados segurando um copo cheio de cachaça e Cartola, sempre um orgulhoso e inveterado cachaceiro, trabalhou como flanelinha no centro do Rio...
Porque ainda há milhões de analfabetos de verdade, que não sabem assinar o próprio nome. Há casos tristes, trágicos, de pessoas que não conseguem sequer se expressar. Todos conhecemos casos assim, em geral associados às condições econômicas miseráveis. Há outros, que, apesar de não saberem ler, desenvolveram admirável capacidade oratória. Há pessoas que lêem muito, mas não conseguem falar. Meu pai era assim, coitado. Um homem culto, mas que não conseguia encaixar uma frase em outra. Era uma espécie de analfabeto da fala, e isso o fazia sofrer muito, porque dificultava a socialização e ele era um homem que amava muito seus amigos e via-se que ele se esforçava, às vezes, para superar sua deficiência. Bebia muito em função disso, para tentar se soltar. Eu herdei um pouco dessa dificuldade e também bebia muito tentando "destravar" a língua. No colégio, sofria horrivelmente com a insuperável dificuldade em abordar as meninas, em comunicar minha admiração por elas. Mas eu acabei superando essas barreiras, e tornei-me um tagarela quase insuportável.
Enfim, a humanidade oferece uma heterogeneidade muito grande de saberes linguísticos. Neste quesito, acho que Caetano, se tivesse a oportunidade de reelaborar suas colocações, aceitaria que Lula é um mestre, e não apenas no Brasil. A sensibilidade linguística de Lula é reconhecida internacionalmente. Seria desonesto negar os fatos, e a popularidade de Lula prova isso. A própria oposição política, não querendo dar o braço a torcer sobre sua qualidade como administrador, atribui a popularidade de Lula exclusivamente à sua técnica verbal.
Então de que analfabetismo fala Caetano? Voltamos ao cânone. Caetano tem um cânone na cabeça. São os livros que ele mesmo leu, e que ele considera, preconceituosamente, que todos deveriam ler, se querem ser inteligentes. Há também a questão do comportamento. Em outras entrevistas, Caetano admitiu, muito sapecamente, que adora o jeito 'classe-média' de ser, como fazer compras no supermercado Zona Sul, etc... Daí voltamos àquele repúdio sanguíneo ao sindicalista barbudo, grosso, cachaceiro, que não sabe segurar um garfo e faca, com quem não podemos conversar sobre vinhos franceses...
Eu conheço bem esse preconceito tolinho, esses olhos que brilham quando falamos em Marcel Proust, essa admiração canina por um diploma. O irônico de tudo é que a literatura autêntica nasce da vida, e os escritores vão as ruas estudar a personalidade de indivíduos como Lula para se inspirarem. Afinal, há os que escrevem, há os que lêem, e há os que inspiram livros. São os líderes políticos, os guerreiros, revolucionários, chefes sindicais, bandoleiros famosos.
Outro ponto que me veio à cabeça, quando li essa entrevista do Caetano, foi sobre Sancho Panza, o astuto escudeiro de Don Quixote. Sancho é uma figura fundamental no clássico de Cervantes, e até hoje talvez não tenha merecido a devida atenção. Lembrei de Sancho porque Lula é uma espécie de Sancho Panza da política. É um homem do povo que simula uma simplicidade muito maior do que a que realmente possui. Sancho Panza é muito mais prudente, esperto e lúcido do que seu patrão. Don Quixote é um bem-intencionado, um valente, um culto, mas é um indivíduo completamente destrambelhado, um louco. Sancho Panza é sua maior ligação com a realidade. E Sancho é leal e corajoso.
Outra figura muito parecida à Sancho Panza é Sam Weller, o empregado do Sr.Pickwick, no admirável romance de Charles Dickens. O escritor publicava os capítulos num folhetim. Quando introduziu Sam, houve um êxito instantâneo. Sua inserção no quinto capítulo da narrativa alavancou as vendas de forma estrondosa: do quarto número foram tirados 400 exemplares, após o surgimento da figura, a tiragem saltou para 400 mil antes mesmo do vigésimo capítulo.
Hoje poucos leram esse romance, o primeiro do escritor inglês. É um romance absurdamente hilário. As trapalhadas do Sr.Pickwick são de fazer qualquer um morrer de rir. Tão diferente das xaropadas melancólicas que Dickens irá escrever depois! Pois bem, o Sr.Pickwick resolve contratar um empregado para o ajudar em suas viagens pela Inglaterra e encontra Sam. O rapaz se revelará o verdadeiro "cérebro" do romance. É ele que inventa os planos mirabolantes e sempre bem sucedidos para tirar seu chefe das mais incríveis enrascadas. Além disso, possui um humor incomparável, e não economiza-o em momento algum. A genialidade de Sam retrata a admiração dos britânicos pela sabedoria popular, e explica a simpatia franca e humana com que a rainha Elisabeth recebe Lula toda a vez que o presidente põe os pés na ilha. Em toda Europa, a cultura (entendendo aí o comportamento, os modos, a maneira de falar) dos trabalhadores é respeitada com quase reverência. Na França, milhares de aristocratas tiveram suas cabeças cortadas por muito menos que entrevistas como essa de Caetano. Nos Estados Unidos, a criatividade do homem do povo é honorificada constantamente em filmes e livros.
Pois a cultura "livresca" que Caetano e grande parte da classe média brasileira prezam como condição mínima para uma pessoa pertencer à boa sociedade, para ser um não-analfabeto, implica também em matar a espontaneidade natural, aquela graça original, a força, a virilidade. Tantos historiadores já escreveram sobre isso, sobre a auto-censura a que o homem civilizado é sujeito, causa de tantas neuras e debilidades psíquicas! Afinal, qual o objetivo do ser humano? É ser um indivíduo com algumas leituras, ou mesmo um gênio da poesia, como D'Annunzio, mas que defende o fascismo? É ser um homem culto, porém sem graça, sem coragem, e broxa?
É muito difícil ser um homem inteiro, e conciliar o desenvolvimento pleno de todas as nossas faculdades físicas e psicológicas com uma participação criativa na sociedade. Muitos dizem que essas coisas estão ligadas, e que a debilidade psicólogica tem origem numa relação doentia e medrosa com o ambiente social. Eu acredito nisso. Gosto de participar da vida política do mundo porque sinto-me mais forte quando o faço. Sinto saúde. É uma relação de parceria. Eu ajudo (ou tento ajudar) o mundo e o mundo me ajuda.
Voltando ao analfabetismo de Lula, as pessoas como Caetano deveriam entender que o conhecimento deriva-se não apenas dos livros, mas da observação dos homens, superação das dificuldades, conversas noturnas, amor, casamento, sexo. Muitas pessoas querem encontrar nos livros o que talvez encontrassem numa boa conversa de botequim, ou simplesmente num passeio solitário pelas ruas. Muitas firulas psicológicas podem ser resolvidas com um saudável mergulho na vida, e a política, muitas vezes, proporciona essa aproximação com as forças primevas da sociedade. Esse conhecimento é genuíno. É tão válido quanto qualquer máxima filosófica. O próprio Kant entendia isso quando abre a sua obra-prima, a Crítica da Razão Pura, dizendo que todo e qualquer conhecimento nasce da experiência. E o que importa ao conhecimento são os frutos. De que adianta ler muitos livros e ser um idiota preconceituoso, ou um medíocre inútil e corroído pela inveja? Se Lula conseguiu se tornar um estadista invejável, admirado internacionalmente, dono de uma popularidade inédita no Brasil e no mundo, é porque ele colheu conhecimentos em algum lugar, não importa onde, processou-os, e converteu-os em vida, em talento, em sucesso, em redenção econômica e social para milhões de brasileiros. Se mesmo assim ele for considerado um analfabeto, então viva os analfabetos!
# Escrito por Miguel do Rosário # Sexta-feira, Novembro 06, 2009
Vejam como tem tudo a ver com o nosso trabalho como educadoras e como promotoras de leitura.
O texto foi escrito originalmente no blog: http://oleododiabo.blogspot.com por Miguel do Rosário no dia 06 de novembro de 2009.
Sem dúvida alguma um texto antológico!!!
Caetano e os analfabetos
A história ensina a não confiar nos artistas. A quantidade de artistas que aderiram às teses de Mussolini, alguns mesmos tornando-se verdadeiros heróis do Il Duce, como o poeta D'Annunzio, já mostra que um artista entende tanto de política quanto de matemática. Por acaso, há artistas que entendem de política, como há artistas que talvez entendam de matemática; mas trata-se, por assim dizer, de coincidências.
Nosso alegre boêmio, Augusto Frederico Schmidt, por exemplo, apoiou o golpe de Estado de 1964, ou pelo menos foi isso que os jornais deram a entender, quando publicaram manchete com uma frase sua favorável ao regime. Céline teve que esperar alguns anos antes de poder retornar a França, pois havia sido condenado à morte por causa de sua posição dúbia - em alguns momentos até favorável - quanto ao nazismo; e o incomparável Knut Hansum, que escrevera o romance mais doloroso do século XX, A Fome (que traz a descrição mais humana, mais viva e mais autêntica da fome, segundo Josué de Castro), filiou-se entusiasticamente ao partido nazista, recebendo, inclusive, condecorações!
Portanto, não estranhem quando um grande artista como Caetano Veloso dá voz a preconceitos tão mesquinhos, como fez na entrevista ao Estadão, na qual declarou que "votava em Marina porque ela não era analfabeta como Lula".
Dias depois, o "cafona", o "grosseiro", era, pela enésima vez, recebido pela rainha da Inglaterra, que tinha um sorriso sincero e admirativo no rosto. O analfabeto estava lá para receber um prêmio internacional da Chatham House... O Primeiro Mundo nem sempre foi o mar de rosas pacífico, limpo e desenvolvido que gostamos de imaginar. Inglaterra, França e EUA já viveram fome, guerra, miséria, revoluções, e aprenderam que somente superaram suas dificuldades em virtude da sabedoria, criatividade e força dos homens simples, dos homens do povo.
Afinal, o que é ser "analfabeto" para Caetano? Sua crítica, aliás, está na boca de muita gente. Há uma consciência de classe muito específica aqui. Sim, porque, a questão não é saber ler ou não, pois Lula sabe ler muito bem. A questão é possuir uma determinada cultura, mas qual é, exatamente, essa cultura? São os clássicos? Lula deveria ter lido a Ilíada, de Homero? Aí entramos numa situação curiosa. É que Homero era, ele sim, um analfabeto, embora no caso dele não seria possível outra condição, porque, segundo a maioria dos pesquisadores, o alfabeto grego ainda não fora inventado. Andei lendo bastante sobre isso, e descobri que uma das teorias mais respeitadas entre os estudiosos é que a pessoa que inventou o alfabeto grego (que é uma cópia do fenício, adaptada ao vocabulário grego) o fez justamente para anotar os versos de Homero. A seguinte cena deve ser imaginada: Homero recitando os versos para que esse astuto e pioneiro escrivão anote-os, e daí nasce a literatura ocidental!
Não precisamos ir tão longe. Antropólogos e historiadores vem estudando com muito afinco, desde os anos 60, o poder das culturas populares, baseadas sobretudo na tradição oral. Pode-se transmitir conhecimentos oralmente? É claro que sim, pois de outra maneira qual o sentido de pagarmos 120 mil dólares para ouvir um professor "falar" sobre Platão, numa sala em Harvard? Não poderíamos, simplesmente, ler Platão no conforto de nossa casa - e sem gastar os 120 mil dólares?
As palavras ouvidas e faladas valem menos que as palavras escritas? Bem, talvez não seja isso o que pretendia dizer Caetano, porque suas letras são "cantadas" e não "lidas", e não é preciso ter lido Levi-Strauss para saber apreciá-las corretamente. Caetano expressou uma noção sobre "etiqueta". Uma visão (embora inconscientemnete, e mesmo assim indesculpável) um tanto fascista sobre uma determinada forma de se comportar, de falar, de se expressar, e que inclui o conhecimento, mesmo que superficial, mesmo que seja apenas um verniz, sobre um cânone.
O mundo produziu milhões de livros importantes, e hoje em dia é virtualmente impossível estabelecer precisamente quais devem ser lidos ou não. Caetano não leu nem 1% desses livros, assim como Lula. Eu também não li. Por outro lado, poderia-se acusar Lula de não ter lido Dom Casmurro. De fato, é um livro interessante. Mas aí precisamos fazer um interrogatório detalhado ao presidente, porque corremos o risco de quebramos a cara se ele responder: "eu li Dom Casmurro. Não gostei muito". Aliás, é fácil entender porque um operário de chão de fábrica, sem grande interesse pela literatura universal, não demonstre entusiasmo pela história de um burguesinho ciumento...
Milhares de brasileiros leram Dom Casmurro, mas permanecem na condição de "analfabetos", pois continuam cafonas e grosseiros. Depois ter cantado em dupla, por tantas vezes, com Júnior (o irmãozinho genial da Sandy), supreendi-me com esse súbito repúdio de Caetano à estética cafona... Ah tá, Júnior com certeza não é analfabeto... Claudia Leite também não é analfabeta... É de se perguntar, além disso, se Caetano chamaria Cartola, Pixinguinha e Nelson Cavaquinho de "analfabetos", por não possuirem instrução formal e se comportarem de forma um tanto "cafona". Pixinguinha recebia seus convidados segurando um copo cheio de cachaça e Cartola, sempre um orgulhoso e inveterado cachaceiro, trabalhou como flanelinha no centro do Rio...
Porque ainda há milhões de analfabetos de verdade, que não sabem assinar o próprio nome. Há casos tristes, trágicos, de pessoas que não conseguem sequer se expressar. Todos conhecemos casos assim, em geral associados às condições econômicas miseráveis. Há outros, que, apesar de não saberem ler, desenvolveram admirável capacidade oratória. Há pessoas que lêem muito, mas não conseguem falar. Meu pai era assim, coitado. Um homem culto, mas que não conseguia encaixar uma frase em outra. Era uma espécie de analfabeto da fala, e isso o fazia sofrer muito, porque dificultava a socialização e ele era um homem que amava muito seus amigos e via-se que ele se esforçava, às vezes, para superar sua deficiência. Bebia muito em função disso, para tentar se soltar. Eu herdei um pouco dessa dificuldade e também bebia muito tentando "destravar" a língua. No colégio, sofria horrivelmente com a insuperável dificuldade em abordar as meninas, em comunicar minha admiração por elas. Mas eu acabei superando essas barreiras, e tornei-me um tagarela quase insuportável.
Enfim, a humanidade oferece uma heterogeneidade muito grande de saberes linguísticos. Neste quesito, acho que Caetano, se tivesse a oportunidade de reelaborar suas colocações, aceitaria que Lula é um mestre, e não apenas no Brasil. A sensibilidade linguística de Lula é reconhecida internacionalmente. Seria desonesto negar os fatos, e a popularidade de Lula prova isso. A própria oposição política, não querendo dar o braço a torcer sobre sua qualidade como administrador, atribui a popularidade de Lula exclusivamente à sua técnica verbal.
Então de que analfabetismo fala Caetano? Voltamos ao cânone. Caetano tem um cânone na cabeça. São os livros que ele mesmo leu, e que ele considera, preconceituosamente, que todos deveriam ler, se querem ser inteligentes. Há também a questão do comportamento. Em outras entrevistas, Caetano admitiu, muito sapecamente, que adora o jeito 'classe-média' de ser, como fazer compras no supermercado Zona Sul, etc... Daí voltamos àquele repúdio sanguíneo ao sindicalista barbudo, grosso, cachaceiro, que não sabe segurar um garfo e faca, com quem não podemos conversar sobre vinhos franceses...
Eu conheço bem esse preconceito tolinho, esses olhos que brilham quando falamos em Marcel Proust, essa admiração canina por um diploma. O irônico de tudo é que a literatura autêntica nasce da vida, e os escritores vão as ruas estudar a personalidade de indivíduos como Lula para se inspirarem. Afinal, há os que escrevem, há os que lêem, e há os que inspiram livros. São os líderes políticos, os guerreiros, revolucionários, chefes sindicais, bandoleiros famosos.
Outro ponto que me veio à cabeça, quando li essa entrevista do Caetano, foi sobre Sancho Panza, o astuto escudeiro de Don Quixote. Sancho é uma figura fundamental no clássico de Cervantes, e até hoje talvez não tenha merecido a devida atenção. Lembrei de Sancho porque Lula é uma espécie de Sancho Panza da política. É um homem do povo que simula uma simplicidade muito maior do que a que realmente possui. Sancho Panza é muito mais prudente, esperto e lúcido do que seu patrão. Don Quixote é um bem-intencionado, um valente, um culto, mas é um indivíduo completamente destrambelhado, um louco. Sancho Panza é sua maior ligação com a realidade. E Sancho é leal e corajoso.
Outra figura muito parecida à Sancho Panza é Sam Weller, o empregado do Sr.Pickwick, no admirável romance de Charles Dickens. O escritor publicava os capítulos num folhetim. Quando introduziu Sam, houve um êxito instantâneo. Sua inserção no quinto capítulo da narrativa alavancou as vendas de forma estrondosa: do quarto número foram tirados 400 exemplares, após o surgimento da figura, a tiragem saltou para 400 mil antes mesmo do vigésimo capítulo.
Hoje poucos leram esse romance, o primeiro do escritor inglês. É um romance absurdamente hilário. As trapalhadas do Sr.Pickwick são de fazer qualquer um morrer de rir. Tão diferente das xaropadas melancólicas que Dickens irá escrever depois! Pois bem, o Sr.Pickwick resolve contratar um empregado para o ajudar em suas viagens pela Inglaterra e encontra Sam. O rapaz se revelará o verdadeiro "cérebro" do romance. É ele que inventa os planos mirabolantes e sempre bem sucedidos para tirar seu chefe das mais incríveis enrascadas. Além disso, possui um humor incomparável, e não economiza-o em momento algum. A genialidade de Sam retrata a admiração dos britânicos pela sabedoria popular, e explica a simpatia franca e humana com que a rainha Elisabeth recebe Lula toda a vez que o presidente põe os pés na ilha. Em toda Europa, a cultura (entendendo aí o comportamento, os modos, a maneira de falar) dos trabalhadores é respeitada com quase reverência. Na França, milhares de aristocratas tiveram suas cabeças cortadas por muito menos que entrevistas como essa de Caetano. Nos Estados Unidos, a criatividade do homem do povo é honorificada constantamente em filmes e livros.
Pois a cultura "livresca" que Caetano e grande parte da classe média brasileira prezam como condição mínima para uma pessoa pertencer à boa sociedade, para ser um não-analfabeto, implica também em matar a espontaneidade natural, aquela graça original, a força, a virilidade. Tantos historiadores já escreveram sobre isso, sobre a auto-censura a que o homem civilizado é sujeito, causa de tantas neuras e debilidades psíquicas! Afinal, qual o objetivo do ser humano? É ser um indivíduo com algumas leituras, ou mesmo um gênio da poesia, como D'Annunzio, mas que defende o fascismo? É ser um homem culto, porém sem graça, sem coragem, e broxa?
É muito difícil ser um homem inteiro, e conciliar o desenvolvimento pleno de todas as nossas faculdades físicas e psicológicas com uma participação criativa na sociedade. Muitos dizem que essas coisas estão ligadas, e que a debilidade psicólogica tem origem numa relação doentia e medrosa com o ambiente social. Eu acredito nisso. Gosto de participar da vida política do mundo porque sinto-me mais forte quando o faço. Sinto saúde. É uma relação de parceria. Eu ajudo (ou tento ajudar) o mundo e o mundo me ajuda.
Voltando ao analfabetismo de Lula, as pessoas como Caetano deveriam entender que o conhecimento deriva-se não apenas dos livros, mas da observação dos homens, superação das dificuldades, conversas noturnas, amor, casamento, sexo. Muitas pessoas querem encontrar nos livros o que talvez encontrassem numa boa conversa de botequim, ou simplesmente num passeio solitário pelas ruas. Muitas firulas psicológicas podem ser resolvidas com um saudável mergulho na vida, e a política, muitas vezes, proporciona essa aproximação com as forças primevas da sociedade. Esse conhecimento é genuíno. É tão válido quanto qualquer máxima filosófica. O próprio Kant entendia isso quando abre a sua obra-prima, a Crítica da Razão Pura, dizendo que todo e qualquer conhecimento nasce da experiência. E o que importa ao conhecimento são os frutos. De que adianta ler muitos livros e ser um idiota preconceituoso, ou um medíocre inútil e corroído pela inveja? Se Lula conseguiu se tornar um estadista invejável, admirado internacionalmente, dono de uma popularidade inédita no Brasil e no mundo, é porque ele colheu conhecimentos em algum lugar, não importa onde, processou-os, e converteu-os em vida, em talento, em sucesso, em redenção econômica e social para milhões de brasileiros. Se mesmo assim ele for considerado um analfabeto, então viva os analfabetos!
# Escrito por Miguel do Rosário # Sexta-feira, Novembro 06, 2009
terça-feira, 10 de novembro de 2009
IMPORTANTE DIVULGUEM E PARTICIPEM!! PESQUISA SOBRE O USO DA INTERNET
A Secretaria Municipal de Educação foi convocada pelo Ministério Público
do Estado do Rio de Janeiro - Centro de Apoio Operacional das Promotorias
de Justiça da Infância e Juventude - para participar de uma reunião que
tinha como objetivo apresentar o programa? Prevenção de Crimes Contra
Crianças e Adolescentes pela Internet? e dar início à organização do
do Estado do Rio de Janeiro - Centro de Apoio Operacional das Promotorias
de Justiça da Infância e Juventude - para participar de uma reunião que
tinha como objetivo apresentar o programa? Prevenção de Crimes Contra
Crianças e Adolescentes pela Internet? e dar início à organização do
cronograma de seu lançamento, sob a responsabilidade da SaferNet Brasil.
Também estavam presentes representantes do Ministério Público Federal, daSecretaria de Educação do Estado, da Associação das Escolas Particulares,
do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet/RJ), do Colégio Pedro
II, da Fundação Osório e do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino das
Escolas do Rio de Janeiro (Sinepe-RIO) e da Organização Não-Governamental
SaferNet Brasil.
A SaferNet Brasil é uma associação civil de direito privado, com atuação
nacional, sem fins lucrativos, no enfrentamento aos crimes e violações
aos Direitos Humanos na Internet, com acordos de cooperação firmados com
instituições governamentais, a exemplo do Ministério Público Federal.
Mais informações poderão ser encontradas no site da associação:
O referido Programa terá, inicialmente, duas etapas: a primeira será uma
Pesquisa on-line sobre hábitos de segurança na Internet para alunos e
professores e, a segunda, uma Oficina, de um dia, sobre o uso responsável
e seguro da internet para professores, que será marcada posteriormente.
Neste sentido, solicitamos às CRE que divulguem junto às suas escolas aimportância de participarmos desta pesquisa. Deverão participar da
pesquisa alunos a partir do 6º ano e todos os professores, independente
da sua formação acadêmica. A pesquisa será feita somente on-line, no
período 10 de novembro a 18 de dezembropela Internet ?
http://www.rio.rj.gov.br/sme ou pela Intranet da SME. Ao acessar a
Internet ou a Intranet, o usuário (aluno ou professor) deverá clicar no
link ?Pesquisa - O uso da Internet? e seguir as orientações dadas.
BIBLIOTECA DO PROFESSOR
A Biblioteca do Professor integra o projeto “Rio, uma cidade de leitores” e consiste na distribuição de livros de literatura aos professores e agentes auxiliares de creche da Rede Municipal de Ensino para sua biblioteca pessoal.
Neste momento, a 3ª escolha está no ar. Como na 1ª escolha, serão comprados os 4 títulos mais votados: dois de literatura brasileira e dois de literatura estrangeira. Cada professor e agente auxiliar de creche receberá dois títulos, um de cada categoria.
Portanto, não deixe de participar, dando seu voto:
. acesse o site da SME - www.rio.rj.br/sme - e clique no link Biblioteca do professor, com números de matrícula e CPF em mãos.
-consulte a ficha técnica com a sinopse de cada livro e vote nas duas categorias.
Também vale fazer campanha com os colegas pelos livros preferidos.
AVISO AOS NAVEGNTES - 2
Já foram iniciadas pelas CRE's a entrega dos livros da Biblioteca do Professor.Cada CPF dá direito a 1(um)livro.Aqueles que tem duas matrículas receberão somente pela matrícula mais antiga.
Os livros são:
- Leite Derramado - Chico Buarque
AVISO AOS NAVEGANTES!!! 1
O Projeto Poesia na Escola é uma ação de promoção leitura e que objetiva, também, a formação de novos leitores. A partir de 2009, o projeto passou a ser coordenado pela E/SUBE/CED – Mídia-Educação e é mais uma das ações do Rio, uma cidade de leitores.
O Projeto, neste momento, estará sendo realizado em um novo formato, com um lançamento no próximo dia 13/11 e continuidade até julho/2010, com o lançamento da coletânea de poesias.
Como primeira ação do Projeto Poesia na Escola, foram comprados 02 livros para cada Sala de Leitura, com o objetivo de subsidiar os professores no processo de produção das poesias com seu alunos. Os livros comprados estarão chegando às escolas nos próximos dias. São eles:
. A utopia da palavra - Linguagem, Poesia e Educação - Algumas Travessias - Severino Antonio -Editora Lucerna
. A poesia vai à escola – Reflexões, comentários e dicas de atividades- Neusa Sorrenti – Autêntica
As produções nas escolas, seleção, lançamento das coletâneas e premiação acontecerão de fevereiro a julho/2010.
Desta forma, estaremos lançando o Projeto oficialmente no próximo dia 13/11, às 13h, no CREP – Centro de Referência de Educação Pública, com a seguinte programação:
. Apresentação da Cia. de Teatro Amandaba - Encontro com Mario Quintana
. Palestra com Eucanaã Ferraz
Professor adjunto de Literatura Brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Tem organizado obras e antologias de diferentes autores, atuando também como ensaísta. É poeta e autor de vários livros.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
MANISFESTO POR UM BRASIL LITERÁRIO
O Instituto C&A, se somando às proposições da Associação Casa Azul – organizadora daFesta Literária Internacional de Paraty -, à Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, ao Instituto Ecofuturo e ao Centro de Cultura Luiz Freire, manifesta sua intenção de concorrer para fazer do País uma sociedade leitora. Reconhecendo o êxito já conferido, nacional e internacionalmente à FLIP, o projeto busca estender às comunidades, atividades mobilizadoras que promovam o exercício da leitura literária. Reconhecemos como princípio o direito de todos de participarem da produção tambémliterária. No mundo atual, considera-se a alfabetização como um bem e um direito. Isto se deve ao fato de que com a industrialização as profissões exigem que o trabalhador saiba ler.No passado, os ofícios e ocupações eram transmitidos de pai para filho, sem interferência da escola.
Alfabetizar-se, saber ler e escrever tornaram-se hoje condiçõesimprescindíveis à profissionalização e ao emprego. A escola é um espaço necessário para instrumentalizar o sujeito e facilitar seu ingresso no trabalho. Mas pelo avanço das ciências humanas compreende-se como inerente aos homens e mulheres a necessidade de manifestar e dar corpo às suas capacidades inventivas.
Por outro lado, existe um uso não tão pragmático de escrita e leitura. Numa época em que a oralidade perdeu, em parte, sua força, já não nos postamos diante de narrativas que falavam através da ficção de conteúdos sapienciais, éticos, imaginativos. É no mundo possível da ficção que o homem se encontra realmente livre para pensar, configurar alternativas, deixar agir a fantasia. Na literatura que, liberto do agir prático e da necessidade, o sujeito viaja por outro mundo possível. Sem preconceitos em sua construção, daí sua possibilidade intrínseca de inclusão, a literatura nos acolhe sem ignorar
nossa incompletude. É o que a literatura oferece e abre a todo aquele que deseja entregar-se à fantasia.
Democratiza-se assim o poder de criar, imaginar, recriar, romper o limite do provável. Sua fundação reflexiva possibilita ao leitor dobrar-se sobre si mesmo e estabelecer uma prosa entre o real e o idealizado.A leitura literária é um direito de todos e que ainda não está escrito. O sujeito anseia por conhecimentos e possui a necessidade de estender suas intuições criadoras aos espaços em que convive. Compreendendo a literatura como capaz de abrir um diálogo subjetivo entre o leitor e a obra, entre o vivido e o sonhado, entre o conhecido e o ainda por conhecer; considerando que este diálogo das diferenças – inerente à literatura – nos confirma como redes de relações; reconhecendo que a maleabilidade do pensamento concorre para a
construção de novos desafios para a sociedade; afirmando que a literatura, pela sua configuração, acolhe a todos e concorre para o exercício de um pensamento crítico, ágil e inventivo; compreendendo que a metáfora literária abriga as experiências do leitor e não ignora suas singularidades, que as instituições em pauta confirmam como essencial para o País a concretização de tal projeto.
Outorgando a si mesmo o privilégio de idealizar outro cotidiano em liberdade, e movido pela intimidade maior de sua fantasia, um conhecimento mais amplo e diverso do mundo ganha corpo, e se instala no desejo dos homens e mulheres promovendo os indivíduos a sujeitos e responsáveis pela sua própria humanidade. De consumidores passa-se a investidores na artesania do mundo. Por ser assim, persegue-se uma sociedade em que a qualidade da
existência humana é buscada como um bem inalienável.
Liberdade, espontaneidade, afetividade e fantasia são elementos que fundam a infância. Tais substâncias são também pertinentes à construção literária. Daí, a literatura ser próxima da criança. Possibilitar aos mais jovens acesso ao texto literário é garantir a presença de tais elementos – que inauguram a vida – como essenciais para o seu crescimento. Nesse sentido é indispensável a presença da literatura em todos os espaços por onde circula a infância. Todas as atividades que têm a literatura como objeto central serão promovidas
para fazer do País uma sociedade leitora. O apoio de todos que assim compreendem a função literária, a proposição é indispensável. Se é um projeto literário é também uma ação política por sonhar um País mais digno.
Bartolomeu Campos de Queirós
Junho de 2009
Os projetos podem ser enviados até dia 06 de novembro.
Alfabetizar-se, saber ler e escrever tornaram-se hoje condiçõesimprescindíveis à profissionalização e ao emprego. A escola é um espaço necessário para instrumentalizar o sujeito e facilitar seu ingresso no trabalho. Mas pelo avanço das ciências humanas compreende-se como inerente aos homens e mulheres a necessidade de manifestar e dar corpo às suas capacidades inventivas.
Por outro lado, existe um uso não tão pragmático de escrita e leitura. Numa época em que a oralidade perdeu, em parte, sua força, já não nos postamos diante de narrativas que falavam através da ficção de conteúdos sapienciais, éticos, imaginativos. É no mundo possível da ficção que o homem se encontra realmente livre para pensar, configurar alternativas, deixar agir a fantasia. Na literatura que, liberto do agir prático e da necessidade, o sujeito viaja por outro mundo possível. Sem preconceitos em sua construção, daí sua possibilidade intrínseca de inclusão, a literatura nos acolhe sem ignorar
nossa incompletude. É o que a literatura oferece e abre a todo aquele que deseja entregar-se à fantasia.
Democratiza-se assim o poder de criar, imaginar, recriar, romper o limite do provável. Sua fundação reflexiva possibilita ao leitor dobrar-se sobre si mesmo e estabelecer uma prosa entre o real e o idealizado.A leitura literária é um direito de todos e que ainda não está escrito. O sujeito anseia por conhecimentos e possui a necessidade de estender suas intuições criadoras aos espaços em que convive. Compreendendo a literatura como capaz de abrir um diálogo subjetivo entre o leitor e a obra, entre o vivido e o sonhado, entre o conhecido e o ainda por conhecer; considerando que este diálogo das diferenças – inerente à literatura – nos confirma como redes de relações; reconhecendo que a maleabilidade do pensamento concorre para a
construção de novos desafios para a sociedade; afirmando que a literatura, pela sua configuração, acolhe a todos e concorre para o exercício de um pensamento crítico, ágil e inventivo; compreendendo que a metáfora literária abriga as experiências do leitor e não ignora suas singularidades, que as instituições em pauta confirmam como essencial para o País a concretização de tal projeto.
Outorgando a si mesmo o privilégio de idealizar outro cotidiano em liberdade, e movido pela intimidade maior de sua fantasia, um conhecimento mais amplo e diverso do mundo ganha corpo, e se instala no desejo dos homens e mulheres promovendo os indivíduos a sujeitos e responsáveis pela sua própria humanidade. De consumidores passa-se a investidores na artesania do mundo. Por ser assim, persegue-se uma sociedade em que a qualidade da
existência humana é buscada como um bem inalienável.
Liberdade, espontaneidade, afetividade e fantasia são elementos que fundam a infância. Tais substâncias são também pertinentes à construção literária. Daí, a literatura ser próxima da criança. Possibilitar aos mais jovens acesso ao texto literário é garantir a presença de tais elementos – que inauguram a vida – como essenciais para o seu crescimento. Nesse sentido é indispensável a presença da literatura em todos os espaços por onde circula a infância. Todas as atividades que têm a literatura como objeto central serão promovidas
para fazer do País uma sociedade leitora. O apoio de todos que assim compreendem a função literária, a proposição é indispensável. Se é um projeto literário é também uma ação política por sonhar um País mais digno.
Bartolomeu Campos de Queirós
Junho de 2009
Os projetos podem ser enviados até dia 06 de novembro.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
PRIMAVERA DA SALA DE LEITURA
Olá pessoal!
Uma mensagem especial para vocês da Sala de Leitura!
Beth Almeida 4ª CRE - Sala de leitura Polo Leonel Azevedo
Querid@s tod@s,
Hoje é um dia muito especial para mim.
Amanheci pensando na Maratona de histórias acontecida ontem.
Pensando no quanto custou colocar o Leitura na Praça nas praças do Rio
transformando a Cidade Maravilhosa num Rio de leitores.
Amanheci pensando no trabalho de Sala de Leitura,
lembrando de nossas lutas diárias,
do trabalho de formiguinha operária
carregando junto as “cigarras cantadoras”
da fábula tão bem representada ontem por nossas crianças.
Amanheci pensando nos “nossos meninos”,
tantas vezes, e cada vez mais, “nossos” que de suas famílias
ali, contando, cantando, dançando e representando
a literatura qual Quixotes apaixonados.
Amanheci pensando nos artistas mirins fazendo “artes primaveris”,
sendo agentes de alegria e cores da Primavera
que abriu generosamente o céu para que o sol pudesse nos aquecer
e iluminar, como aquecemos e iluminamos nossas escolas com a literatura.
Amanheci pensando na poesia
que tentamos todos os dias acordar nos corações da escola,
pelo “vento soprador de histórias”
pelo teatro de bonecos, pela contação
da nossa barraca desmoronada.
Ontem meu coração ficou em festa!
Foi o nosso dia!
O Dia da Primavera da Sala de Leitura!
Uma mensagem especial para vocês da Sala de Leitura!
Beth Almeida 4ª CRE - Sala de leitura Polo Leonel Azevedo
Querid@s tod@s,
Hoje é um dia muito especial para mim.
Amanheci pensando na Maratona de histórias acontecida ontem.
Pensando no quanto custou colocar o Leitura na Praça nas praças do Rio
transformando a Cidade Maravilhosa num Rio de leitores.
Amanheci pensando no trabalho de Sala de Leitura,
lembrando de nossas lutas diárias,
do trabalho de formiguinha operária
carregando junto as “cigarras cantadoras”
da fábula tão bem representada ontem por nossas crianças.
Amanheci pensando nos “nossos meninos”,
tantas vezes, e cada vez mais, “nossos” que de suas famílias
ali, contando, cantando, dançando e representando
a literatura qual Quixotes apaixonados.
Amanheci pensando nos artistas mirins fazendo “artes primaveris”,
sendo agentes de alegria e cores da Primavera
que abriu generosamente o céu para que o sol pudesse nos aquecer
e iluminar, como aquecemos e iluminamos nossas escolas com a literatura.
Amanheci pensando na poesia
que tentamos todos os dias acordar nos corações da escola,
pelo “vento soprador de histórias”
pelo teatro de bonecos, pela contação
da nossa barraca desmoronada.
Ontem meu coração ficou em festa!
Foi o nosso dia!
O Dia da Primavera da Sala de Leitura!
MARATONA DE HISTÓRIAS DA 4ª CRE
Histórias de rir ou de chorar, de ter medo ou de arrepiar, histórias pra dormir e pra sonhar... Leitores de todas as idades podem participar!
Numa semana de tantas comemorações, com o dia das crianças, o dia dos professores e o dia da leitura, que tal aproveitarmos a ocasião para uma semana diferente, onde alunos, professores e livros de literatura se encontrem num grande presente construído e partilhado por todos?
O evento na 4ª CRE aconteceu no dia 14/10, no Parque Manoel Bandeira – Cocotá – Ilha do Governador
Numa semana de tantas comemorações, com o dia das crianças, o dia dos professores e o dia da leitura, que tal aproveitarmos a ocasião para uma semana diferente, onde alunos, professores e livros de literatura se encontrem num grande presente construído e partilhado por todos?
O evento na 4ª CRE aconteceu no dia 14/10, no Parque Manoel Bandeira – Cocotá – Ilha do Governador
MARATONA DE HISTÓRIAS DA 2ª CRE
A Maratona de história da 2ª CRE foi um evento que visa divulgar a leitura, através de narrativas, contação de histórias, peças teatrais, exposição de livros e de trabalhos de artes. O nosso tema foi um Mar de Histórias, aconteceu no Instituto Pão de Açúcar em Vila Isabel. O sucesso de nossa Maratona é fruto do trabalho de alunos e professores das nossas escolas.
Contribui também para formação de leitores e para a construção de hábitos de leitura em crianças, jovens e adultos. Por meio de atividades desse tipo podemos disseminar o hábito da “leitura por prazer”.
A escola em articulação com a Sala de Leitura tem um papel fundamental no incentivo à leitura para uma educação de qualidade, crítica, transformadora e para a emancipação social do cidadão.
Maratona de Histórias - 2ª CRE - 2009
Escola Prudente de Moraes - Sala de Leitura - Profª Ana Celeste
Contribui também para formação de leitores e para a construção de hábitos de leitura em crianças, jovens e adultos. Por meio de atividades desse tipo podemos disseminar o hábito da “leitura por prazer”.
A escola em articulação com a Sala de Leitura tem um papel fundamental no incentivo à leitura para uma educação de qualidade, crítica, transformadora e para a emancipação social do cidadão.
Maratona de Histórias - 2ª CRE - 2009
Escola Prudente de Moraes - Sala de Leitura - Profª Ana Celeste
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
SALA DE LEITURA ESCREVENDO A SUA HISTÓRIA !!!
Escreva sua história
Escreva sua história na areia da praia
Para que as ondas a levem através dos sete mares
Até tornar-se lenda na boca de estrelas cadentes.
Conte sua história ao vento.
Cante-a nos bares para os rudes marujos
Aqueles cujos olhos são faróis sujos, sem brilho.
Escreva no asfalto, com sangue,
Grite bem alto a sua história,
Antes que ela seja varrida na manhã seguinte pelos garis.
Abra o peito na direção dos canhões!
Suba nos tanques de Pequim!
Derrube os muros de Berlim!
Destrua as catedrais de Paris!
Defenda sua palavra.Claufe Rodrigues
terça-feira, 20 de outubro de 2009
MARATONA NA 3ª CRE
O evento contou com a participação das escolas da 3ª CRE onde professores, pais e alunos desfrutaram das 10 às 16 horas de atividades como: contação de histórias, dramatizações, teatro de fantoches, jograis e ciranda de histórias.
Quem passava pelo local pode visitar as 3 tendas onde os trabalhos de alunos estavam expostos e ouvir histórias embaixo da árvore de livros.
A MARATONA CRESCEU...
A Maratona cresceu!
A Lei nº 11.889 de 2008, publicada no dia 9 de janeiro de 2009, no Diário Oficial da União, instituiu o Dia Nacional da Leitura, a ser comemorado em 12 de outubro, sendo a semana em que recair o dia 12, a Semana Nacional da Leitura e da Literatura.
Também em 2009, no dia 28 de abril, foi oficialmente lançado, na Rede Municipal, o projeto “Rio, uma cidade de Leitores”, ampliando de modo significativo as ações até então desenvolvidas em prol da promoção da leitura e da formação de leitores. Foram criadas a Comissão Carioca de Leitura, a Biblioteca Pessoal do Professor, o concurso de Projetos de Promoção da Leitura, entre outras boas novidades.
Neste cenário, encontramos o ambiente propício para escrever mais um capítulo dessa história: a Maratona passaria, então, a ser a principal ação da Rede para comemorar a Semana Nacional da Leitura e da Literatura.
A Lei nº 11.889 de 2008, publicada no dia 9 de janeiro de 2009, no Diário Oficial da União, instituiu o Dia Nacional da Leitura, a ser comemorado em 12 de outubro, sendo a semana em que recair o dia 12, a Semana Nacional da Leitura e da Literatura.
Também em 2009, no dia 28 de abril, foi oficialmente lançado, na Rede Municipal, o projeto “Rio, uma cidade de Leitores”, ampliando de modo significativo as ações até então desenvolvidas em prol da promoção da leitura e da formação de leitores. Foram criadas a Comissão Carioca de Leitura, a Biblioteca Pessoal do Professor, o concurso de Projetos de Promoção da Leitura, entre outras boas novidades.
Neste cenário, encontramos o ambiente propício para escrever mais um capítulo dessa história: a Maratona passaria, então, a ser a principal ação da Rede para comemorar a Semana Nacional da Leitura e da Literatura.
MARATONA DE HISTÓRIAS
Era uma vez, uma idéia...
Há 5 anos surgia a proposta de mobilizar todas as escolas, creches e demais unidades que integram a Rede Pública Municipal de Ensino na realização de uma grande homenagem ao livro, à leitura e aos leitores, por meio de um movimento inédito de partilha de histórias, ao longo de um dia letivo, envolvendo os professores, alunos, funcionários, pais e a comunidade do entorno.
Foi assim, que num dia 31 de outubro, realizamos nossa 1ª Maratona: alunos contando histórias para professores, professores ouvindo histórias lidas pelos pais, funcionários distribuindo poesias pelos corredores, enfim, uma festa!
Muitos relatos foram enviados, contando o sucesso do movimento em algumas escolas. Mas a Maratona precisava crescer, ganhar novas adesões, envolver mais leitores e atrair ainda mais os leitores iniciantes.
Partimos para o segundo ano, ampliando a participação das CRE e do Nível Central: histórias lidas pelos corredores e nas filas dos bancos e outros locais de espera, textos compartilhados na hora do almoço, troca-troca de livros... E o movimento foi crescendo, crescendo, a ponto da sugestão de ampliar a maratona para dois dias virar uma realidade.
Passamos a realizar a Maratona em dois dias: 30 de outubro - Maratona nas escolas, creches e nas CRE e no dia 31 - Maratona no Nível Central.
Tendas Literárias apresentando histórias de diferentes tipos, autores, ilustradores e contadores de histórias convidados, árvore de livros, alunos e professores se revezando em apresentações diversas, além do já tradicional concurso de cartazes sobre a Maratona são alguns rápidos flashes de uma linda história escrita a muitas mãos...
Há 5 anos surgia a proposta de mobilizar todas as escolas, creches e demais unidades que integram a Rede Pública Municipal de Ensino na realização de uma grande homenagem ao livro, à leitura e aos leitores, por meio de um movimento inédito de partilha de histórias, ao longo de um dia letivo, envolvendo os professores, alunos, funcionários, pais e a comunidade do entorno.
Foi assim, que num dia 31 de outubro, realizamos nossa 1ª Maratona: alunos contando histórias para professores, professores ouvindo histórias lidas pelos pais, funcionários distribuindo poesias pelos corredores, enfim, uma festa!
Muitos relatos foram enviados, contando o sucesso do movimento em algumas escolas. Mas a Maratona precisava crescer, ganhar novas adesões, envolver mais leitores e atrair ainda mais os leitores iniciantes.
Partimos para o segundo ano, ampliando a participação das CRE e do Nível Central: histórias lidas pelos corredores e nas filas dos bancos e outros locais de espera, textos compartilhados na hora do almoço, troca-troca de livros... E o movimento foi crescendo, crescendo, a ponto da sugestão de ampliar a maratona para dois dias virar uma realidade.
Passamos a realizar a Maratona em dois dias: 30 de outubro - Maratona nas escolas, creches e nas CRE e no dia 31 - Maratona no Nível Central.
Tendas Literárias apresentando histórias de diferentes tipos, autores, ilustradores e contadores de histórias convidados, árvore de livros, alunos e professores se revezando em apresentações diversas, além do já tradicional concurso de cartazes sobre a Maratona são alguns rápidos flashes de uma linda história escrita a muitas mãos...
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
DIA DO PROFESSOR
Verdades da Profissão de Professor
Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho.
A data é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda.
(Paulo Freire).
Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho.
A data é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda.
(Paulo Freire).
terça-feira, 22 de setembro de 2009
TEXTO PARA REFLEXÃO
O Analfabeto Político
Bertolt Brecht
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
JORNAL VIDRAÇA NA BIENAL
Nossos alunos do Jornal Vidraça estiveram presentes na Bienal... realizamos uma entrevista com a escritora Sandra Lopes no estande da SME. Estamos trabalhando para publicar a entrevista na íntrega...
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
A VIAGEM DE FILOMENA
Nossa amiga Vera Granado, hoje Coordenadora Pedagógica da Escola Municipal Maranhão da 3ª CRE, fará uma apresentação no Estande da SME. Será no dia 15/09 às 9:30 h. Ela fará contação de histórias com bonecos e violão.Durante o evento estará divulgando seu livro “A viagem de Filomena” editado pela ZIT. O livro estará sendo vendido, na Bienal do Livro, no estande E33 Rua E Pavilhão 2 - Laranja - Calçada Literária .
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
MÁSCARAS
Cada vez que ponho uma máscara para esconder minha realidade, fingindo ser o que não sou, fingindo não ser o que sou, faço-o para atrair o outro e logo descubro que só atraio a outros mascarados distanciando-se dos outros devido a um estorvo: a máscara.
Faço-o para evitar que os outros vejam minhas debilidades e logo descubro que, ao não verem minha humanidade, os outros não podem me querer pelo que sou, senão pela máscara.
Faço-o para preservar minhas amizades e logo descubro que, quando perco um amigo, por ter sido autêntico, realmente não era meu amigo, e, sim, da máscara.
Faço-o para evitar ofender alguém e ser diplomático e logo descubro que aquilo que mais ofende às pessoas, das quais quero ser mais íntimo, é a máscara.
Faço-o convencido de que é o melhor que posso fazer para ser amado e logo descubro o triste paradoxo: o que mais desejo obter com minhas máscaras é, precisamente, o que não consigo com elas.
Gilbert Brenson Lazan
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
BIENAL DO LIVRO
No dia 11/09/2009, a escritora Sandra Lopes estará no estande da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro na Bienal do Livro, contando a história "TUCA CUTUCA, A GAIVOTA - uma Fábula da Natureza". O livro estará à venda no Estande da JODANE, Pavilhão Verde, Av. “N” em frente ao Espaço das Mulheres.Prestigiem a nossa amiga de Sala de Leitura...
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
PRÊMIO PROFESSORES DO BRASIL: INSCRIÇÕES ABERTAS
Professores das redes públicas das três etapas da educação básica, que desenvolvem experiências podem inscrever seus projetos na 4ª edição do Prêmio Professores do Brasil. O prazo de inscrições está aberto até o dia 31 de agosto e devem ser feitas na página do prêmio.
Serão premiadas até 40 experiências, sendo 10 para cada etapa da educação básica e 8 por região. Os professores e diretores ou representantes das escolas premiados terão participação assegurada no Seminário, que acontecerá em Brasília, com passagens e hospedagem custeadas pelas instituições promotoras do Prêmio.
Os autores das experiências selecionadas receberão o valor de R$ 5.000,00, troféu e certificados e as escolas serão premiadas com a aquisição de equipamentos audiovisuais ou multimidia, a critério delas, no valor de até R$ 2.000,00.
O Prêmio Professores do Brasil é realizado pelo ministério em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), com a Unesco e a OEI. As fundações Bunge e SM e os institutos Pró-Livro e Votorantim são os patrocinadores.
Mais informações pelo telefone: 61-2104-8280 ou http://portal.mec.gov.br/premioprofessoresdobrasil/
Serão premiadas até 40 experiências, sendo 10 para cada etapa da educação básica e 8 por região. Os professores e diretores ou representantes das escolas premiados terão participação assegurada no Seminário, que acontecerá em Brasília, com passagens e hospedagem custeadas pelas instituições promotoras do Prêmio.
Os autores das experiências selecionadas receberão o valor de R$ 5.000,00, troféu e certificados e as escolas serão premiadas com a aquisição de equipamentos audiovisuais ou multimidia, a critério delas, no valor de até R$ 2.000,00.
O Prêmio Professores do Brasil é realizado pelo ministério em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), com a Unesco e a OEI. As fundações Bunge e SM e os institutos Pró-Livro e Votorantim são os patrocinadores.
Mais informações pelo telefone: 61-2104-8280 ou http://portal.mec.gov.br/premioprofessoresdobrasil/
domingo, 30 de agosto de 2009
Pedro Demo aborda os desafios da linguagem no século XXI
Pedro Demo é professor do departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB). PhD em Sociologia pela Universidade de Saarbrücken, Alemanha, e pós-doutor pela University of California at Los Angeles (UCLA), possui 76 livros publicados, envolvendo Sociologia e Educação. No mês passado esteve em Curitiba para uma palestra promovida pela Faculdade Opet, e conversou com o Nota 10.
O tema de sua palestra é “Os desafios da linguagem do século XXI para a aprendizagem na escola”. Quais são os maiores desafios que professores e alunos enfrentam, envolvendo essa linguagem?
A escola está distante dos desafios do século XX. O fato é que quando as crianças de hoje forem para o mercado, elas terão de usar computadores, e a escola não usa. Algumas crianças têm acesso à tecnologia e se desenvolvem de uma maneira diferente - gostam menos ainda da escola porque acham que aprendem melhor na internet. As novas alfabetizações estão entrando em cena, e o Brasil não está dando muita importância a isso – estamos encalhados no processo do ler, escrever e contar. Na escola, a criança escreve porque tem que copiar do quadro. Na internet, escreve porque quer interagir com o mundo. A linguagem do século XXI – tecnologia, internet – permite uma forma de aprendizado diferente. As próprias crianças trocam informações entre si, e a escola está longe disso. Não acho que devemos abraçar isso de qualquer maneira, é preciso ter espírito crítico - mas não tem como ficar distante. A tecnologia vai se implantar aqui “conosco ou sem nosco”.
A linguagem do século XXI envolve apenas a internet?
Geralmente se diz linguagem de computador porque o computador, de certa maneira, é uma convergência. Quando se fala nova mídia, falamos tanto do computador como do celular. Então o que está em jogo é o texto impresso. Primeiro, nós não podemos jogar fora o texto impresso, mas talvez ele vá se tornar um texto menos importante do que os outros. Um bom exemplo de linguagem digital é um bom jogo eletrônico – alguns são considerados como ambientes de boa aprendizagem. O jogador tem que fazer o avatar dele – aquela figura que ele vai incorporar para jogar -, pode mudar regras de jogo, discute com os colegas sobre o que estão jogando. O jogo coloca desafios enormes, e a criança aprende a gostar de desafios. Também há o texto: o jogo vem com um manual de instruções e ela se obriga a ler. Não é que a criança não lê – ela não lê o que o adulto quer que ele leia na escola. Mas quando é do seu interesse, lê sem problema. Isso tem sido chamado de aprendizagem situada – um aprendizado de tal maneira que apareça sempre na vida da criança. Aquilo que ela aprende, quando está mexendo na internet, são coisas da vida. Quando ela vai para a escola não aparece nada. A linguagem que ela usa na escola, quando ela volta para casa ela não vê em lugar nenhum. E aí, onde é que está a escola? A escola parece um mundo estranho. As linguagens, hoje, se tornaram multimodais. Um texto que já tem várias coisas inclusas. Som, imagem, texto, animação, um texto deve ter tudo isso para ser atrativo. As crianças têm que aprender isso. Para você fazer um blog, você tem que ser autor – é uma tecnologia maravilhosa porque puxa a autoria. Você não pode fazer um blog pelo outro, o blog é seu, você tem que redigir, elaborar, se expor, discutir. É muito comum lá fora, como nos Estados Unidos, onde milhares de crianças de sete anos que já são autoras de ficção estilo Harry Potter no blog, e discutem animadamente com outros autores mirins. Quando vão para a escola, essas crianças se aborrecem, porque a escola é devagar.
Então a escola precisa mudar para acompanhar o ritmo dos alunos?
Precisa, e muito. Não que a escola esteja em risco de extinção, não acredito que a escola vai desaparecer. Mas nós temos que restaurar a escola para ela se situar nas habilidades do século XXI, que não aparecem na escola. Aparecem em casa, no computador, na internet, na lan house, mas não na escola. A escola usa a linguagem de Gutenberg, de 600 anos atrás. Então acho que é aí que temos que fazer uma grande mudança. Para mim, essa grande mudança começa com o professor. Temos que cuidar do professor, porque todas essas mudanças só entram bem na escola se entrarem pelo professor – ele é a figura fundamental. Não há como substituir o professor. Ele é a tecnologia das tecnologias, e deve se portar como tal.
Qual é a diferença da interferência da linguagem mais tecnológica para, como o senhor falou, a linguagem de Gutenberg?
Cultura popular. O termo mudou muito, e cultura popular agora é mp3, dvd, televisão, internet. Essa é a linguagem que as crianças querem e precisam. Não exclui texto. Qual é a diferença? O texto, veja bem, é de cima para baixo, da esquerda para a direita, linha por linha, palavra por palavra, tudo arrumadinho. Não é real. A vida real não é arrumadinha, nosso texto que é assim. Nós ficamos quadrados até por causa desses textos que a gente faz. A gente quer pensar tudo seqüencial, mas a criança não é seqüencial. Ela faz sete, oito tarefas ao mesmo tempo – mexe na internet, escuta telefone, escuta música, manda email, recebe email, responde - e ainda acham que na escola ela deve apenas escutar a aula. Elas têm uma cabeça diferente. O texto impresso vai continuar, é o texto ordenado. Mas vai entrar muito mais o texto da imagem, que não é hierárquico, não é centrado, é flexível, é maleável. Ele permite a criação conjunta de algo, inclusive existe um termo interessante para isso que é “re-mix” – todos os textos da internet são re-mix, partem de outros textos. Alguns são quase cópias, outros já são muito bons, como é um texto da wikipedia (que é um texto de enciclopédia do melhor nível).
Qual a sua opinião sobre o internetês?
Assim como é impossível imaginar que exista uma língua única no mundo, também existem as línguas concorrentes. As sociedades não se unificam por língua, mas sim por interesses comuns, por interatividade (como faz a internet por exemplo). A internet usa basicamente o texto em inglês, mas admite outras culturas. Eu não acho errado que a criança que usa a internet invente sua maneira de falar. No fundo, a gramática rígida também é apenas uma maneira de falar. A questão é que pensamos que o português gramaticalmente correto é o único aceitável, e isso é bobagem. Não existe uma única maneira de falar, existem várias. Mas com a liberdade da internet as pessoas cometem abusos. As crianças, às vezes, sequer aprendem bem o português porque só ficam falando o internetês. Acho que eles devem usar cada linguagem isso no ambiente certo – e isso implica também aprender bem o português correto.
O senhor é um grande escritor na área de educação, e tem vários livros publicados. Desses livros qual é o seu preferido?
Posso dizer uma coisa? Eu acho que todos os livros vão envelhecendo, e eu vou deixando todos pelo caminho. Não há livro que resista ao tempo. Mas um dos que eu considero com mais impacto – e não é o que eu prefiro – é o livro sobre a LDB (A Nova LDB: Ranços e Avanços), que chegou a 20 e tantas edições. É um livro que eu não gosto muito, que eu não considero um bom livro, mas... Outros livros que eu gosto mais saíram menos, depende muito das circunstâncias. Eu gosto sobretudo de um livrinho que eu publiquei em 2004, chamado Ser Professor é Cuidar que o Aluno Aprenda. É o ponto que eu queria transmitir a todos os professores: ser professor não é dar aulas, não é instruir, é cuidar que o aluno aprenda. Partir do aluno, da linguagem dele, e cuidar dele, não dar aulas. O professor gosta de dar aula, e os dados sugerem que quanto mais aulas, menos o aluno aprende. O professor não acredita nisso, acha que isso é um grande disparate. Mas é verdade. É melhor dar menos aulas e cuidar que o aluno pesquise, elabore, escreva - aprenda. Aí entra a questão da linguagem de mídia: a língua hoje não é dos gramáticos, é de quem usa a internet. Então a língua vai andar mais, vai ter que se contorcer, vai ser mais maleável.
Então o professor gosta de dar aulas deve mudar esse pensamento?
É um grande desafio: cuidar do professor, arrumar uma pedagogia na qual ele nasça de uma maneira diferente, não seja só vinculado a dar aulas. A pedagogia precisa inventar um professor que já venha com uma cara diferente, não só para dar aulas e que seja tecnologicamente correto. Que mexa com as novas linguagens, que tenha blog, que participe desse mundo – isso é fundamental. Depois, quando ele está na escola, ele precisa ter um reforço constante para aprender. É preciso um curso grande, intensivo, especialização, voltar para a universidade, de maneira que o professor se reconstrua. Um dos desejos que nós temos é de que o professor produza material didático próprio, que ainda é desconhecido no Brasil. Ele tem que ter o material dele, porque a gente só pode dar aula daquilo que produz - essa é a regra lá fora. Quem não produz não pode dar aula, porque vai contar lorota. Não adianta também só criticar o professor, ele é uma grande vítima de todos esses anos de descaso, pedagogias e licenciaturas horríveis, encurtadas cada vez mais, ambientes de trabalho muito ruins, salários horrorosos... Também nós temos que, mais que criticar, cuidar do professor para que ele se coloque a altura da criança. E também, com isso, coloque à altura da criança a escola – sobretudo a escola pública, onde grande parte da população está.
O tema de sua palestra é “Os desafios da linguagem do século XXI para a aprendizagem na escola”. Quais são os maiores desafios que professores e alunos enfrentam, envolvendo essa linguagem?
A escola está distante dos desafios do século XX. O fato é que quando as crianças de hoje forem para o mercado, elas terão de usar computadores, e a escola não usa. Algumas crianças têm acesso à tecnologia e se desenvolvem de uma maneira diferente - gostam menos ainda da escola porque acham que aprendem melhor na internet. As novas alfabetizações estão entrando em cena, e o Brasil não está dando muita importância a isso – estamos encalhados no processo do ler, escrever e contar. Na escola, a criança escreve porque tem que copiar do quadro. Na internet, escreve porque quer interagir com o mundo. A linguagem do século XXI – tecnologia, internet – permite uma forma de aprendizado diferente. As próprias crianças trocam informações entre si, e a escola está longe disso. Não acho que devemos abraçar isso de qualquer maneira, é preciso ter espírito crítico - mas não tem como ficar distante. A tecnologia vai se implantar aqui “conosco ou sem nosco”.
A linguagem do século XXI envolve apenas a internet?
Geralmente se diz linguagem de computador porque o computador, de certa maneira, é uma convergência. Quando se fala nova mídia, falamos tanto do computador como do celular. Então o que está em jogo é o texto impresso. Primeiro, nós não podemos jogar fora o texto impresso, mas talvez ele vá se tornar um texto menos importante do que os outros. Um bom exemplo de linguagem digital é um bom jogo eletrônico – alguns são considerados como ambientes de boa aprendizagem. O jogador tem que fazer o avatar dele – aquela figura que ele vai incorporar para jogar -, pode mudar regras de jogo, discute com os colegas sobre o que estão jogando. O jogo coloca desafios enormes, e a criança aprende a gostar de desafios. Também há o texto: o jogo vem com um manual de instruções e ela se obriga a ler. Não é que a criança não lê – ela não lê o que o adulto quer que ele leia na escola. Mas quando é do seu interesse, lê sem problema. Isso tem sido chamado de aprendizagem situada – um aprendizado de tal maneira que apareça sempre na vida da criança. Aquilo que ela aprende, quando está mexendo na internet, são coisas da vida. Quando ela vai para a escola não aparece nada. A linguagem que ela usa na escola, quando ela volta para casa ela não vê em lugar nenhum. E aí, onde é que está a escola? A escola parece um mundo estranho. As linguagens, hoje, se tornaram multimodais. Um texto que já tem várias coisas inclusas. Som, imagem, texto, animação, um texto deve ter tudo isso para ser atrativo. As crianças têm que aprender isso. Para você fazer um blog, você tem que ser autor – é uma tecnologia maravilhosa porque puxa a autoria. Você não pode fazer um blog pelo outro, o blog é seu, você tem que redigir, elaborar, se expor, discutir. É muito comum lá fora, como nos Estados Unidos, onde milhares de crianças de sete anos que já são autoras de ficção estilo Harry Potter no blog, e discutem animadamente com outros autores mirins. Quando vão para a escola, essas crianças se aborrecem, porque a escola é devagar.
Então a escola precisa mudar para acompanhar o ritmo dos alunos?
Precisa, e muito. Não que a escola esteja em risco de extinção, não acredito que a escola vai desaparecer. Mas nós temos que restaurar a escola para ela se situar nas habilidades do século XXI, que não aparecem na escola. Aparecem em casa, no computador, na internet, na lan house, mas não na escola. A escola usa a linguagem de Gutenberg, de 600 anos atrás. Então acho que é aí que temos que fazer uma grande mudança. Para mim, essa grande mudança começa com o professor. Temos que cuidar do professor, porque todas essas mudanças só entram bem na escola se entrarem pelo professor – ele é a figura fundamental. Não há como substituir o professor. Ele é a tecnologia das tecnologias, e deve se portar como tal.
Qual é a diferença da interferência da linguagem mais tecnológica para, como o senhor falou, a linguagem de Gutenberg?
Cultura popular. O termo mudou muito, e cultura popular agora é mp3, dvd, televisão, internet. Essa é a linguagem que as crianças querem e precisam. Não exclui texto. Qual é a diferença? O texto, veja bem, é de cima para baixo, da esquerda para a direita, linha por linha, palavra por palavra, tudo arrumadinho. Não é real. A vida real não é arrumadinha, nosso texto que é assim. Nós ficamos quadrados até por causa desses textos que a gente faz. A gente quer pensar tudo seqüencial, mas a criança não é seqüencial. Ela faz sete, oito tarefas ao mesmo tempo – mexe na internet, escuta telefone, escuta música, manda email, recebe email, responde - e ainda acham que na escola ela deve apenas escutar a aula. Elas têm uma cabeça diferente. O texto impresso vai continuar, é o texto ordenado. Mas vai entrar muito mais o texto da imagem, que não é hierárquico, não é centrado, é flexível, é maleável. Ele permite a criação conjunta de algo, inclusive existe um termo interessante para isso que é “re-mix” – todos os textos da internet são re-mix, partem de outros textos. Alguns são quase cópias, outros já são muito bons, como é um texto da wikipedia (que é um texto de enciclopédia do melhor nível).
Qual a sua opinião sobre o internetês?
Assim como é impossível imaginar que exista uma língua única no mundo, também existem as línguas concorrentes. As sociedades não se unificam por língua, mas sim por interesses comuns, por interatividade (como faz a internet por exemplo). A internet usa basicamente o texto em inglês, mas admite outras culturas. Eu não acho errado que a criança que usa a internet invente sua maneira de falar. No fundo, a gramática rígida também é apenas uma maneira de falar. A questão é que pensamos que o português gramaticalmente correto é o único aceitável, e isso é bobagem. Não existe uma única maneira de falar, existem várias. Mas com a liberdade da internet as pessoas cometem abusos. As crianças, às vezes, sequer aprendem bem o português porque só ficam falando o internetês. Acho que eles devem usar cada linguagem isso no ambiente certo – e isso implica também aprender bem o português correto.
O senhor é um grande escritor na área de educação, e tem vários livros publicados. Desses livros qual é o seu preferido?
Posso dizer uma coisa? Eu acho que todos os livros vão envelhecendo, e eu vou deixando todos pelo caminho. Não há livro que resista ao tempo. Mas um dos que eu considero com mais impacto – e não é o que eu prefiro – é o livro sobre a LDB (A Nova LDB: Ranços e Avanços), que chegou a 20 e tantas edições. É um livro que eu não gosto muito, que eu não considero um bom livro, mas... Outros livros que eu gosto mais saíram menos, depende muito das circunstâncias. Eu gosto sobretudo de um livrinho que eu publiquei em 2004, chamado Ser Professor é Cuidar que o Aluno Aprenda. É o ponto que eu queria transmitir a todos os professores: ser professor não é dar aulas, não é instruir, é cuidar que o aluno aprenda. Partir do aluno, da linguagem dele, e cuidar dele, não dar aulas. O professor gosta de dar aula, e os dados sugerem que quanto mais aulas, menos o aluno aprende. O professor não acredita nisso, acha que isso é um grande disparate. Mas é verdade. É melhor dar menos aulas e cuidar que o aluno pesquise, elabore, escreva - aprenda. Aí entra a questão da linguagem de mídia: a língua hoje não é dos gramáticos, é de quem usa a internet. Então a língua vai andar mais, vai ter que se contorcer, vai ser mais maleável.
Então o professor gosta de dar aulas deve mudar esse pensamento?
É um grande desafio: cuidar do professor, arrumar uma pedagogia na qual ele nasça de uma maneira diferente, não seja só vinculado a dar aulas. A pedagogia precisa inventar um professor que já venha com uma cara diferente, não só para dar aulas e que seja tecnologicamente correto. Que mexa com as novas linguagens, que tenha blog, que participe desse mundo – isso é fundamental. Depois, quando ele está na escola, ele precisa ter um reforço constante para aprender. É preciso um curso grande, intensivo, especialização, voltar para a universidade, de maneira que o professor se reconstrua. Um dos desejos que nós temos é de que o professor produza material didático próprio, que ainda é desconhecido no Brasil. Ele tem que ter o material dele, porque a gente só pode dar aula daquilo que produz - essa é a regra lá fora. Quem não produz não pode dar aula, porque vai contar lorota. Não adianta também só criticar o professor, ele é uma grande vítima de todos esses anos de descaso, pedagogias e licenciaturas horríveis, encurtadas cada vez mais, ambientes de trabalho muito ruins, salários horrorosos... Também nós temos que, mais que criticar, cuidar do professor para que ele se coloque a altura da criança. E também, com isso, coloque à altura da criança a escola – sobretudo a escola pública, onde grande parte da população está.
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