sábado, 16 de outubro de 2010

MENSAGEM DE FÁTIMA MIGUEZ PARA NÓS!

Primavera, 15 de outubro de 2010.

Salve o dia do professor!!! A paz em acordes de alegria!!! Parabéns pelo dia de hoje, o dia do mestre!!! Depurem cada vez mais o exercício de ser professor!!! Professor não é quem só ensina, professor é quem aprende ensinando... De presente, segue um texto poético sobre o meu sonho de ser professora que foi plantado na infância e regado a vida toda. Este texto faz parte do livro "Nas arte-manhas do imaginário infantil. O lugar da literatura na sala de aula.", da Editora Nova Fronteira. Tenham um dia feliz!! Um abraço festivo,
Fátima Miguez



UM DEPOIMENTO PESSOAL
Fátima Miguez

No princípio era o sonho... Eu brincava de ser professora riscando no portal da minha casa as aulas que eu sonhava dar... Cadernos velhos espalhados pelo chão eram alunos... No imaginário, cada um tinha um nome... Empilhados nas paredes ficavam os livros que eram, justamente, os tijolos descascados daquela humilde casa da infância. Casa que abrigava um dos mais ricos brinquedos de uma criança, a imaginação. Esta história pertence a um tempo que fez da inventividade da criança o motor natural da sua infância. E brincando de dar aulas fui descobrindo o feitiço da minha primeira experiência como professora. Assim, fui lançando sementes na Terra da minha infância grávida de desejos puros, ainda imaturos... Então, eu-menina-professora ia tecendo belas lições na tela das brincadeiras preferidas. E na solidão daquela sala repleta de alunos imaginários, o eu-menina preparava a morada do eu-adulto que, aos poucos, desabrochava... Nas floradas da vida meu ser ia frutificando sempre novas esperanças... De risco em risco, fui desenhando meu futuro, sem saber ao certo quem era a professora, quem era eu, pois cada vez mais nós nos confundíamos... Eu cresci, ela, também, cresceu dentro de mim e nos lançamos no desejo de arriscar, de colocar em prática o sonho que eu-menina escrevi no portão do meu quintal. Sei que tenho nessas horas de sonho da infância a minha descoberta mais profunda. E, como um poeta-sementeiro na Terra da Poesia fui atirando rimas de amor e esperança ao solo já tão desgastado da profissão-amada e fui criando raízes nessa travessia muito apaixonada. Cada vez mais fui me descobrindo nas tantas buscas em que me envolvi pelos caminhos do Magistério, percebendo que o quintal dos antigos sonhos estava, finalmente renascendo de verdade nas salas de aula da Universidade. E, agora, não mais imatura, eu tinha além do diploma, o olhar confiante dos alunos, presenças-presentes no meu dia-a-dia profissional. Alunos que buscam em mim respostas para as perplexas indagações do mundo, olhares desafiantes que se lançam no trágico e fascinante itinerário do conhecer. Fui percebendo que o chamado profissional era a senha da minha vida, pois o encanto da profissão desejada não passava, aumentava em inquietante busca. Comecei a descobrir a magia de estar junto daqueles que considero parceiros de ideais e que sempre privilegiei na minha jornada profissional: os meus alunos. E com a crença de que sonhamos o mesmo sonho, pois os sonhos não envelhecem, e como no poema se Mário Quintana designado "Imemorial": sempre que se sonha alguma coisa / tem-se a idade do tempo em que as sonhamos..., fui disseminando nos meus parceiros-alunos a faísca vocacional.
Sabemos, pois, que o sonho é a energia primeira, é o começo de toda grande concretização. É a alegria autêntica desta descoberta que deve fortalecer, conservar e impulsionar toda história profissional. É este momento inaugural de toda vocação que precisa estar sempre vivo, palpitando no ser poético da profissão. Portanto, o professor, assim como o artista _ mestres no dizer e no sonhar _ devem procurar escutar seu ideal para transformá-lo num cantar maior ofertado à comunhão dos homens.
Esta é a misteriosa força que devemos manifestar no caloroso convívio da sala de aula. Estou certa de que esse depoimento pessoal resgatando a origem da minha trajetória docente é testemunho do chamado da missionária profissão do magistério. É o exercício dessa paixão constante que tenho levado para os encontros com professores nas oficinas de literatura infantil e juvenil.
Tenho afirmado nessas oficinas que o prazer de manifestar o ser poético do magistério é algo carente de revitalização por parte dos profissionais da área. Precisamos afastar o desânimo das decepções, dos obstáculos que se colocam, muitas das vezes, diante daqueles que lutam por uma Educação melhor e acionar um dispositivo utópico para reacender o vigor vocacional.


Que este vigor esteja sempre presente no dia-a-dia de cada um de vocês que como professores, ou mestres da palavra, tocam corações e plantam sementes de esperanças construindo, assim, um mundo melhor. Tenham todos um fim de semana lindo com muita paz no coração. Feliz dia dos professores!!! Um abraço festivo,

Fátima Miguez

Um comentário:

  1. Tive a alegria e o prazer de ser aluna da Professora Fátima Miguez na Faculdade de Letras da UFRJ, nas cadeiras de Fundamentos da Cultura Literária Brasileira I e II e Teoria Literária.
    Com ela comecei a aprender o que é Litertura Infantil e Juvenil de qualidade e a seriedade com que devemos olhar este tipo de livro, como LITERATURA simplesmente.
    Imaginem que ela dava aulas usando como base de reflexão livros infantis e juvenis...
    Depois comecei a segui-la - eu e um bom grupo de ex-alunos - em cursos de extensão, seminários e palestras pelo Rio e também por Niterói. Ela, sempre com a sede de dividir, e nós com a sede de aprender!
    Anos depois, ela foi professora também de minha filha, na mesma universidade. O vigor e o encantamento pela literatura e pela profissão eram os mesmos.
    São quase 25 anos de caminhada com o seu doce olhar poético!
    Obrigada, Fátima! Assim como a aluna de "Ao mestre com carinho" canta, nós cantamos e dizemos, que gostaríamos de lhe dar o mundo, mas lhe damos nosso coração preenchido com seu toque de sensibilidade e profissionalismo!
    De coração para coração, Beth e Tati

    ResponderExcluir