PAIXÃO DE LER POESIA
A POESIA TOMA CONTA DA CIDADE
Por Elizabeth Caldas de Almeida*
E eu estive lá!
Foi simplesmente maravilhoso o encontro com Ferreira Gullar na Biblioteca Nacional!
Estamos em novembro e o tempo continua a fugir de nós, agora com mais avidez ainda...
No meio dessa guerra, que sempre perdemos, passei a véspera e o dia entre aulas, preparativos para o sarau, organização da culminância coletiva das três escolas da Ilha do Governador participantes do projeto Teatro das Letras, e tentando me comunicar com a Biblioteca Nacional para realizar a inscrição no lançamento do Paixão de Ler com a presença do poeta aniversariante Ferreira Gullar. A loucura que nos enforca no fim de ano na escola – estamos em novembro, meu Deus... não me permitia uma “dedicação exclusiva” ao telefone e resolvi arriscar. Valeu a pena, ora se valeu!
Noite/tarde de sexta-feira, jardim com flores e pássaros cantando, música ao vivo, um coquetel para fechar a semana... Existe lugar mais perfeito para desfrutar da paixão de ler, ainda mais Paixão de Ler Poesia?
A tarde estava quente e logo na entrada, restrita, apesar de o jornal anunciar entrada franca para quem quisesse desfrutar da presença poética de Ferreira Gullar, o coração bateu forte com a possibilidade de não entrar. Mas a poesia que há em mim, conversou com a poesia que impregnava o jardim e consegui entrar. Eu não só merecia, mas precisava estar ali, principalmente depois de ficar no quarto da pousada passando mal e olhando o ingresso que havia comprado para ouvi-lo na Tenda dos Autores, na última FLIP.
Foi com maestria o poeta nos falou de literatura, política e vida. Tudo recheado com muito humor e amor à arte de pintar com as palavras o universo da vida.
Ao abrir o bate-papo, Sechim nos advertiu que seria uma “entrevista improvisada” apesar de ter em mãos um breve roteiro muito bem preparado que nos levou a um passeio pela obra de Gullar.
Sempre com os cabelos longos e brancos e seu franco sorriso, o poeta nos brindou com “causos” e leitura de seus poemas. Falou-nos que as fases apontadas pelos especialistas não foram planejadas, mas foram acontecendo junto com as perplexidades e descobertas da vida, na busca por algo mais, a inquietação. Daí em alguns momentos ele ter sido quase que exclusivamente político e até panfletário porque queria mesmo a revolução.
Falou sobre sua incursão no teatro, inicialmente com Vianinha, no Opinião, e sobre o acaso, coisa que considera preponderante na vida.
Antonio Carlos Sechin contou-nos sobre um presente maravilhoso que recebeu da mulher de Gullar quando este completou 50 anos: Um livro totalmente artesanal, em madeira e couro, com um único poema, escrito especialmente para ele e um fragmento de um quadro dividido em 50 pedaços, cada um para um livro. E ainda dizem que o livro eletrônico pode substituir isso!...
Sua voz de poeta e cidadão ecoa em meus ouvidos e mente, me instigando a reler o que já li e a ler o que ainda não li. Poesia engajada, poesia de amor, poesia política, poesia poesia...
Obrigada, Gullar! Na sexta-feira, depois desse maravilhoso “happy hour” voltei para casa inteiramente feliz. A tristeza não serve mesmo para nada!
Mais 80 poeta, no mínimo mais 80 anos é o que desejamos!
*Elizabeth Caldas de Almeida é professora da Sala de Leitura da E.M. Gurgel do Amaral.
Imagino sua felicidade. Na FLIP pude assistir e fiquei maravilhada.Bjks.
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